São Paulo, Sexta-feira, 30 de Abril de 1999
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SISTEMA FINANCEIRO
Ex-presidente do BC levará habeas corpus para depor na CPI
Lopes vai assinar termo de compromisso com verdade

da Sucursal de Brasília


O ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes vai assinar o termo de compromisso de dizer a verdade em seus próximos depoimentos à CPI dos Bancos e à Polícia Federal.
A assessoria do escritório do advogado Luiz Guilherme Vieira, que atende a Lopes, informou que o economista se dispõe a depor quantas vezes for convocado.
Mas que irá munido do habeas corpus preventivo assinado pelo ministro Sepúlveda Pertence, do Supremo Tribunal Federal.
Com isso, Lopes pretende não responder à perguntas que possam incriminá-lo ou comprometê-lo.
Na segunda, Lopes se recusou a assinar o termo de compromisso na CPI. Com a recusa, recebeu voz de prisão e foi levado à Polícia Federal. Saiu após pagar fiança, mas o STF concedeu o habeas corpus.
A CPI decidiu ontem que vai ouvir na próxima semana funcionários da área técnica e jurídica do BC que trabalharam diretamente na operação de socorro ao Marka.
Os senadores esperam que eles possam esclarecer quem sugeriu à diretoria do BC a venda de dólar ao Marka, em janeiro, pela cotação de R$ 1,275, abaixo do teto da banda cambial, então em R$ 1,32.
Ontem, o consultor da diretoria do BC Alexandre Pundek disse à CPI que apenas recebeu o dono do Marka, Salvatore Cacciola, e o encaminhou a funcionários do Departamento de Fiscalização.
Pundek disse não crer que tenha havido vazamento de informações sobre mudanças de taxas de juros decididas pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do BC.
"As reuniões do Copom acontecem às 16h30, depois que o mercado está aberto, e durante as discussões ninguém atende o telefone e, como praxe, ninguém carrega celular para a sala", disse Pundek.
O relator da CPI, senador João Alberto (PMDB-MA), disse que houve grandes compras de contratos de juros em novembro, época em que o BC reduziu repentinamente o ritmo de baixa da taxa.
Na segunda, a CPI ouvirá Tereza Cristina Grossi, chefe interina do Departamento de Fiscalização do BC na época do socorro. O titular do cargo, que estava em férias em janeiro, é o hoje diretor de Fiscalização do BC, Luiz Carlos Alvarez.
Também será ouvido Vânio Aguiar, funcionário que participou da operação, e a chefe do Departamento de Operações com as Reservas Internacionais, Maria do Socorro Costa Carvalho, que assina as ordens ao Banco do Brasil para a venda de dólar ao Marka.
Na terça, vão depor dois técnicos do Departamento Jurídico do BC, que deram parecer favorável à operação: Manoel Lucídio Loiola e Francisco José Siqueira.
Os senadores também vão convidar para depoimento, na quarta, o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), autor de denúncias sobre supostos vazamentos de informação na mudança do câmbio.
Na quinta, devem depor o presidente da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), Manoel Felix Cintra Neto, e o vice-presidente da instituição, Ney Castro Alves.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) voltou ontem a sugerir a convocação de Pedro Malan (Fazenda), em sessão secreta da CPI, mas desistiu de apresentar o requerimento formal. Ele afirmou que foi convencido pelos colegas que ainda não é o momento ideal para decidir a convocação do ministro.
"Aos poucos está se construindo um consenso de que o ministro deve ser ouvido mais tarde", disse.


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