São Paulo, Sexta-feira, 30 de Abril de 1999
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Luiz Bragança omitiu telefonemas

Ichiro Guerra - 28.abr.99/Folha Imagem
O consultor Luiz Augusto Bragança, que é amigo de Francisco Lopes


FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

Luiz Augusto Bragança, amigo do ex-presidente do Banco Central Francisco Lopes, omitiu em seu depoimento à CPI dos Bancos que ficou em Brasília mantendo contatos telefônicos com várias partes envolvidas na negociação que favoreceu o Banco Marka.
Bragança ficou em Brasília nos dia 13, 14 e 15 de janeiro. A conta do Hotel Saint Paul, onde ficou hospedado, demonstra que ele telefonou para as seguintes pessoas ou instituições:
1) Banco Marka - (021) 217-784 e 9982-0201 - quatro vezes;
2) Bolsa de Mercadorias & Futuro (BM&F) - (011) 3119-2000 - uma vez;
3) Banco Central - Departamento de Fiscalização - (061) 414-1320 -uma vez;
4) Macrométrica - (021) 262-5663 - uma vez;
5) Sérgio Bragança (dono da Macrométrica e seu irmão) - (024) 221-1368 - três vezes;
6) Rubens Novaes (economista que o acompanhou no primeiro dia na viagem a Brasília) - (021) 9986-6312 e (021) 491-3329 - oito vezes;
7) Regina Maria Santos Novaes (telefone no mesmo endereço de Rubens Novaes) - (021) 491-3130 -uma vez.
Luiz Augusto Bragança disse que viajou até Brasília nos dias 13, 14 e 15 de janeiro para acompanhar o banqueiro Salvatore Alberto Cacciola, controlador do Banco Marka e que conseguiu comprar dólares vendidos abaixo da cotação do mercado.
No seu depoimento anteontem, Bragança disse que sua atuação principal teria sido um café da manhã no dia 14, no apartamento de Francisco Lopes.
Segundo informou à CPI dos Bancos, Bragança não teria tido sucesso na sua tentativa de introduzir na conversa com Chico Lopes o caso do Banco Marka.
Exceto o seu café da manhã frustrado com Chico Lopes, Bragança não deu muito detalhes sobre sua programação em Brasília. O que fez na cidade ainda não foi completamente explicado.
Os telefonemas que fez do apartamento 427 do Saint Paul também não esclarecem, mas são uma pista sobre a atuação de Bragança naqueles três dias de janeiro.
Num próximo depoimento, se houver, Bragança poderá explicar o que e com quem conversou na BM&F no dia 14 de janeiro, por oito minutos. Sua ligação seguinte foi para o Departamento de Fiscalização do Banco Central -gastou nove minutos nesse telefonema.
Os contatos com Rubens Novaes são comprometedores para o economista. Em seu depoimento à CPI dos Bancos, Novaes afirmou que ficou em Brasília no dia 13 de janeiro. Depois, teria retornado ao Rio e ficado sem informações sobre o caso do Banco Marka.
Ocorre que Bragança ligou para telefones de Novaes nos dias 14 e 15, falando um total de 1 hora e 25 minutos. Poderá alegar que não conversou com Novaes. Ou que, se falou, conversaram sobre outros assuntos. Isso só poderá ser feito se vier a depor novamente na CPI.


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