São Paulo, Sexta-feira, 30 de Abril de 1999
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Investigação é arquivada

da Sucursal de Brasília

Sem ter conseguido apurar indícios de irregularidades no Banco Central, a comissão de sindicância aberta pelo órgão decidiu arquivar o processo de investigação da suspeita de venda de informações privilegiadas por seus funcionários a instituições privadas.
As conclusões da comissão se basearam quase que exclusivamente nos depoimentos colhidos durante 11 dias úteis. As investigações foram suspensas sem que o Departamento de Fiscalização do BC tivesse analisado o comportamento de instituições financeiras no mercado de câmbio, informa o relatório final. ""Esse trabalho levaria algum tempo", diz o relatório final da comissão.
Embora um dos cotistas do fundo Marka Nikko, Leon Sayeg, tenha confirmado ter ouvido do dono do banco Marka, Salvatore Cacciola, que ele teria informações do Banco Central de que ""a banda cambial só iria ser alargada em meados de fevereiro", o BC decidiu desprezar a informação. ""Não se conseguiu vislumbrar documento nesse sentido", diz o relatório.
Com base nos depoimentos, a comissão indica que não houve vazamento de informações sobre juros, que a possibilidade de mudança na política cambial era discutida publicamente e que as operações de socorro aos bancos Marka e FonteCindam ""se revestem de absoluta legalidade". A comissão chamou 27 pessoas, das quais entre 8 e 10 eram do BC.
A comissão chegou a analisar registros de visitas ou telefonemas dos visitantes e constatou o registro de telefonemas de Sérgio Bragança (ex-sócio de Francisco Lopes na empresa de consultoria Macrométrica) para o ex-presidente do BC no final do ano passado, época em que já estava encarregado dos estudos para a mudança do câmbio. Não foram investigados telefonemas recebidos pela instituição.
A comissão atribuiu os ""rumores" sobre o vazamento das informações de dentro do BC a dois fatos.
O primeiro foi que o economista Rubem Novaes e Luiz Augusto de Bragança, que é amigo do ex-presidente do BC Francisco Lopes, haviam prestado consultoria ao Marka sobre política cambial na época da crise da Ásia. O segundo fato foi que o dono do Marka, Salvatore Cacciola, havia pedido a Bragança que intercedesse junto a Lopes, durante visita à casa do ex-presidente do BC, em favor do banco.
"De fato, o que houve foi uma prestação de consultoria por parte de um amigo íntimo do presidente do BC. Isso não é uma irregularidade, mas pode ter gerado os boatos", afirmou Flávio Maia, que presidiu a comissão.
A decisão de arquivar a investigação foi anunciada no final da tarde de anteontem pelo presidente do Banco Central, Armínio Fraga, junto com a divulgação do relatório final da comissão, criada no último dia 12.
"A comissão foi fundo na questão e concluiu que não há indícios que confirmem as suspeitas", afirmou Fraga. "O que o BC se dispôs a fazer está feito", completou.


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