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Isolamento de FHC preocupa líderes
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
Os principais líderes do Congresso estão preocupados com o isolamento político do presidente Fernando Henrique Cardoso, que não
consegue um discurso unificado
do governo e de suas bancadas em
relação à CPI dos Bancos.
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), e os
presidentes do PFL, Jorge Bornhausen (SC), e do PMDB, Jader
Barbalho (PA), vêm tendo conversas separadas com FHC e, conforme a Folha apurou, alertando para
o seu isolamento.
Apesar das divergências entre
seus partidos, os três estão convencidos de que o governo não age politicamente, não está bem informado sobre a CPI e carece de um
maior número de interlocutores
confiáveis no Congresso.
ACM jantou com o presidente no
domingo passado e ontem conversou com ele por telefone, reclamando da manifestação do ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) contra a eventual ida do ministro Pedro Malan (Fazenda) à
CPI dos Bancos.
"Aqui (no Congresso), o Pimenta
não manda, não", disse ACM ao
presidente da República, conforme a Folha apurou.
Barbalho gostou da briga, porque vive às turras com Pimenta e
foi contra sua indicação para a
coordenação política do governo.
Agora, diz abertamente que esse é
um dos problemas do Planalto na
sua relação com o Congresso Nacional.
"Eu sou figurinha carimbada do
PMDB. O Pimenta é figurinha carimbada do PSDB. O coordenador
político tem que ser do governo,
não de um partido", diz ele.
Num almoço em Brasília, quarta-feira, a cúpula do PFL decidiu
bombardear uma outra decisão de
Pimenta da Veiga: a de protelar a
indicação dos líderes do governo
no Congresso e no Senado.
A idéia de Pimenta era adiar ao
máximo o preenchimento das vagas e depois nomear o deputado
Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM)
para a do governo e um peemedebista para a do Senado. O PFL não
aceita ser excluído da composição.
Numa conversa ontem com
FHC, Jorge Bornhausen defendeu
justamente o contrário de Pimenta: que o governo nomeie o mais
rapidamente possível um líder para o Senado, para falar em nome do
presidente e tentar rearticular a base aliada.
Esse líder teria que acompanhar
a CPI dos Bancos de forma direta e
informar o presidente imediatamente sobre tudo o que ocorresse.
Um dos líderes confidenciou que
FHC tem notícias da CPI pelos serviços de tempo real, "como todo
mundo". E achou um absurdo.
Outra tarefa do líder seria a de
orientar os senadores governistas
sobre como proceder diante de
problemas assim: a convocação ou
não do ministro Pedro Malan (Fazenda) e dar ou não a presidência
da CPI para os tucanos.
"Não podemos levar gol sem ao
menos ter um bom goleiro", disse
o presidente do PFL depois.
Os pefelistas vetam a escolha de
Arthur Virgílio para a liderança no
Congresso e acham que ela nem é
tão importante agora, porque há
semanas não há sessões e votações
conjuntas da Câmara e do Senado.
Os nomes que o PFL sugere para
a liderança no Senado, que considera mais urgente, são os de Agripino Maia (PFL-RN) e Artur da Távola (PSDB-RJ). Se é para ter um
tucano na liderança, que seja Távola, considerado "confiável".
Apesar das críticas crescentes, o
único ajuste que FHC fez no seu time político foi a escolha do ex-deputado Moreira Franco (PMDB-RJ) para um cargo no Planalto. Os
principais líderes do Congresso,
porém, não acreditam que isso vá
mudar alguma coisa.
O resultado é que FHC depende
cada vez mais de políticos experientes e espertos, como ACM e Jader Barbalho.
ACM assumiu explicitamente o
comando político da CPI dos Bancos. Barbalho, que foi o autor do
requerimento que a criou, exerce o
poder por meio do relator, João Alberto (PMDB-MA). Ele não dá um
passo sem consultar o presidente
do seu partido.
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