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SISTEMA FINANCEIRO
Banco lucrou R$ 43 milhões, em janeiro, na própria Bolsa, após ter recebido a ajuda do Banco Central
Marka ganhou mais do que devia na BM&F
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
O socorro do
Banco Central
foi superior ao
que o Banco
Marka devia na
BM&F. Graças a
isso, o banco de
Salvatore Cacciola pôde vender alguns contratos
ainda em janeiro, na própria Bolsa,
lucrando nessas operações cerca
de R$ 43 milhões.
O relatório da Bolsa de Mercadorias & Futuros que está sendo analisado pela CPI dos Bancos mostra
que, após comprar do BC 12.650
contratos de dólar no dia 12, o
Marka voltou ao mercado entre os
dias 20 e 22, vendendo, em 13 operações, um total de 1.275 contratos.
O Marka recebeu os contratos do
BC no dia 12 a uma cotação de R$
1,275, enquanto as vendas foram
feitas por preços que variaram de
R$ 1,560 a R$ 1,690. Com essa diferença de preços, ao revender os
contratos mais à frente, o Marka
teve um lucro de cerca de R$ 43 milhões às custas do dólar subsidiado
vendido pelo BC.
Desde que o episódio se tornou
público, acreditava-se que o Marka tivesse 12.650 contratos de venda de dólares futuros na BM&F, o
que explicaria que a ajuda tivesse
sido desse tamanho.
Conforme a Folha informou ontem, entretanto, na BM&F não havia registro dessa posição. Constavam como sendo do Marka apenas
cerca de 9.000 contratos.
Outros 2.300 contratos eram do
fundo Stock-Máxima. O fundo tinha como único cotista a subsidiária do Marka nas Bahamas, o Marka Bank. Por isso, quando foi ao
BC no dia 13 para pedir ajuda, o
banqueiro Salvatore Cacciola acertou com o BC que os contratos do
Stock fariam parte do pacote.
O argumento do BC para incluir
os 2.300 contratos no pacote é que
o dinheiro do Stock seria usado para saldar compromissos no exterior, evitando a inadimplência do
Marka com credores estrangeiros.
Até hoje, no entanto, não está esclarecido qual o destino que esse
dinheiro teve. Depois de sair do
Brasil, o dinheiro do fundo trocou
de mãos várias vezes no exterior.
Os 1.350 contratos que faltam para completar os 12.650 contratos é
que teriam permitido ao Marka lucrar nessas operações na BM&F.
Procurado pela Folha, o BC não
comentou o assunto ontem.
Na segunda-feira, o BC havia informado, por meio de sua assessoria de imprensa, que essa sobra de
contratos tinha como objetivo permitir que o Marka honrasse outras
obrigações que envolviam dólares
em outros mercados.
Enquanto o Marka permaneceu
com os contratos até que o preço
subisse, obtendo lucro, o BC carregou os 12.650 contratos da ajuda ao
banco até o vencimento, o que gerou um prejuízo de R$ 892 milhões
para o Tesouro. No total, incluindo
o segundo socorro ao Marka, no
dia 19, e a ajuda ao FonteCindam, o
BC gastou R$ 1,567 bilhão.
Itaú
O Banco Itaú contestou ontem as
declarações do senador Eduardo
Suplicy. O senador se referiu na segunda-feira a uma operação irregular em que o Marka teria repassado ao Itaú 875 contratos de dólar
adquiridos do BC.
De fato, há registros no relatório
da BM&F que indicam que no dia
20 de janeiro o Marka vendeu 875
contratos a R$ 1,56, enquanto o
Itaú comprou a mesma quantidade, ao mesmo preço, no dia 20.
O Itaú divulgou nota em que afirma que não tinha "conhecimento
da contraparte", ou seja, do vendedor dos contratos que adquiriu.
"O banco não tinha a menor condição de saber quem estava do outro lado, afinal as operações foram
feitas no pregão da BM&F", afirmou Roberto Setubal, presidente
do Itaú.
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