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Testemunha admite falhas periciais
ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió
As testemunhas ouvidas até ontem nas novas investigações sobre
as mortes de Paulo César Farias, o
PC, e de sua namorada, Suzana
Marcolino, admitem ter ocorrido
falhas periciais no primeiro laudo
do caso, que foi coordenado pelo
legista Fortunato Badan Palhares.
Em depoimento prestado ontem
aos delegados Antônio Carlos Azevedo Lessa e Alcides Andrade e ao
promotor Luiz Vasconcelos, o delegado Cícero Torres, responsável
pela primeira versão do caso, admitiu falhas.
Torres, ao ser questionado sobre
o fato de não ter sido feito exame
residuográfico nas mãos dos seguranças de PC e nas demais pessoas
que estavam na casa, afirmou não
ter considerado importante o exame -que ajuda a determinar se alguém atirou ou não.
""O Instituto de Criminalística
não requereu os laudos. Em tese
era missão deles. Mas como eu
presidia o inquérito, a falta dos
exames residuográficos também é
de minha responsabilidade", afirmou, em seu depoimento.
Torres afirmou, após o depoimento, que não julgou necessário
os exames residuográficos, ""porque existiam outras provas que pareciam mais relevantes".
O delegado afirmou ainda que
autorizou a queima do colchão e
do lençol da cama, onde os corpos
foram encontrados, em 23 de junho de 96, porque a perícia alagoana já tinha feito seu trabalho.
Outra falha de Torres, considerada grave pelo delegado Andrade,
foi o fato de ele não ter interrogado
nenhum parente de Suzana.
""Os depoimentos das pessoas
envolvidas com o crime já nos ajudaram a esclarecer que houve falhas no inquérito, o que nunca havia sido admitido por eles", afirmou o promotor.
O promotor e os delegados viajam no domingo para Campinas
(SP) com o objetivo de colher o depoimento do legista Badan Palhares que, mesmo em licença médica
até o próximo dia 15 de maio, decidiu antecipar seu depoimento.
O legista quer tentar demover os
delegados da tese de que as falhas
nos laudos inviabilizam a perícia
coordenada por ele.
A perita Anita Gusmão, única
técnica a ver os corpos na cama e
na cena do crime, reconheceu ontem, também em depoimento, que
o Instituto de Criminalística poderia ter tentando colher impressões
digitais nos objetos e nas maçanetas do quarto, por exemplo.
Segundo afirmou, as digitais foram procuradas a olho nu, sem a
utilização de reagentes que destacam a sinuosidade dos dedos na
superfície dos objetos tocados. Ela
deixou o depoimento sem falar
com os jornalistas.
Anteontem, o legista Gerson
Odilon, responsável pela primeira
autópsia nos corpos, havia admitido a falha de não ter consignado a
altura de Suzana nos autos.
Nenhum dos peritos admitiu a
hipótese de que o resultado final
do inquérito, de que PC foi assassinado por Suzana, que se suicidou,
possa ser modificado pelas falhas
reconhecidas.
O Instituto de Criminalística de
Alagoas inicia hoje a reconstituição dos crimes, na casa da praia de
Guaxuma, litoral norte de Maceió.
No total, sete pessoas que estavam na casa e quatro figurantes
participarão da reconstituição,
que acontecerá das 21h de hoje às
6h de amanhã. Os figurantes substituirão PC e Suzana e o irmão do
empresário, deputado Augusto
Farias (PPB) e a namorada dele,
Milene.
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