São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TROMBONE FINAL

Congressistas se dizem "reféns" de ACM e Arruda, que fazem comentários sobre votos na sessão que cassou Estevão

Senadores querem divulgação de lista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Senadores de vários partidos defenderam ontem a divulgação oficial da lista da votação que cassou o mandato de Luiz Estevão, em junho do ano passado, para acabar com o que chamaram de "chantagem" e "achaque" de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF), responsáveis pela violação do sigilo da sessão.
Tanto ACM quanto Arruda têm feito insinuações sobre o voto de senadores e ameaçado divulgar a lista -apesar de ambos terem dito que não guardaram cópia da relação. "Todos os senadores que participaram daquela sessão e exerceram legitimamente o direito ao voto secreto viraram reféns dos senadores que cometeram o crime de violar o painel", disse o líder da oposição, José Eduardo Dutra (PT-SE).
Ele negou os boatos de que teria tido acesso à lista. O petista disse esperar que algum partido represente contra ele no Conselho de Ética, para que possa se defender.
"ACM quer fazer um balaio de gatos e arrastar todo mundo para a lama junto com ele. Ele quer provar que todo o Congresso é aético e que o único ético é ele, que foi perseguido", ironizou Dutra.
O PT deve apresentar requerimento pedindo a divulgação da lista. O presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB- PA), negou pedido semelhante feito por Lúcio Alcântara (PSDB-CE).
O presidente do conselho, Ramez Tebet (PMDB-MS), reagiu às declarações de ACM de que ele teria votado a favor de Estevão. "Ele [ACM" quer confundir, escondendo o crime que cometeu e usando o direito que cada senador tem de votar de acordo com sua consciência." Tebet não quis revelar seu voto. "Não vou entrar no jogo dele e desrespeitar o voto secreto", afirmou.
O senador Geraldo Althoff (PFL-SC) confirmou ontem que estuda a possibilidade de representar contra senadores que souberam da violação e não tomaram providências. O alvo é Dutra, que disse ao conselho ter sido abordado por Arruda e ACM sobre o assunto. Arruda teria lhe dito que era possível conhecer o resultado de votações secretas, e ACM teria informado que a senadora Heloísa Helena (PT-AL) votara contra a cassação de Estevão.
A idéia de Althoff foi vista como "manobra" e "vingança" pelo próprio PFL. "Não assino um pedido desses. Se essa for uma decisão do partido, não me sinto à vontade para continuar no PFL", disse Siqueira Campos (PFL-TO), apontado por ACM como tendo votado contra a cassação.



Texto Anterior: A próxima vítima: FHC e PT ajudam PMDB a proteger Jader
Próximo Texto: Política no escuro: Alckmin assume frente de defesa de FHC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.