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POLÍTICA NO ESCURO
Ordem é que "nenhum ataque da oposição fique sem resposta do governo" e, se for preciso, do governador
Alckmin assume frente de defesa de FHC
THOMAS TRAUMANN
DA REPORTAGEM LOCAL
Ancorado pela herança da imagem positiva de Mário Covas, pelos R$ 7 bilhões que tem para investir até o ano que vem e de olho
no comando do PSDB, o governador paulista, Geraldo Alckmin,
resolveu se colocar na linha de
frente da defesa do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Ele organizou um jantar anteontem, no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo paulista),
com 13 deputados federais, o presidente nacional do partido, José
Aníbal, e o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência,
Aloysio Nunes Ferreira, para discutir respostas aos ataques da
oposição. Horas antes, o governador havia almoçado com o ministro da Saúde, José Serra, um dos
pré-candidatos tucanos à sucessão presidencial.
"O governador se colocou como
o líder da defesa do presidente em
São Paulo. A ordem é que nenhum ataque da oposição fique
sem resposta do governo, da bancada ou, se for o caso, do governador", disse o deputado federal
Paulo Kobayashi (PSDB-SP).
Aníbal disse que a intenção do
governador é "deixar claro que o
presidente não está sozinho, que
tem um partido ao seu lado".
A presença de Aloysio no jantar
foi para ter a certeza que a mensagem do governador chegue ao
destinatário, o presidente.
O apoio de Alckmin vem em
um dos momentos mais críticos
da gestão FHC. Cercado pelas repercussões negativas do começo
do racionamento de energia elétrica e pelas denúncias de ter encoberto investigações de corrupção, FHC perdeu apoios historicamente governistas, como o
PTB, e tem enormes dificuldades
para manter a aliança PSDB-PFL-PMDB para as eleições presidenciais de 2002.
Alckmin, que oficialmente é
apenas candidato à reeleição, tem
sido citado com opção caso o Planalto não consiga viabilizar um
nome do núcleo do governo (leia-se Serra). O PFL de Jorge Bornhausen é o articulador da opção
Alckmin. Em cerimônia ontem, o
governador voltou a negar sua
candidatura presidencial.
"O meu [nome" está fora. Sou
soldado raso", disse, durante lançamento de um programa de educação, segundo entrevista divulgada pela sua assessoria.
"Primeiro, nós estamos em
2001, e eu tenho reiterado que
[antecipar a discussão sobre a sucessão presidencial" é ruim porque você encurta o governo, diminui a governabilidade e começa a
ter problema na base de sustentação. E é ruim para o país também,
que tem uma série de desafios a
serem vencidos. Então, isso aí [a
sucessão presidencial" é para
2002", disse.
É o discurso dos sonhos de
FHC, que com razão teme que a
discussão sobre a sua sucessão esvazie seu poder faltando ainda 18
meses de mandato. Ao declarar
publicamente o que FHC gostaria
de ouvir, Alckmin está se colocando como um dos pilares de apoio
do tempo que resta a FHC.
Na mesma entrevista, Alckmin
respondeu com ironia quando
questionado sobre o discurso de
hoje do senador Antonio Carlos
Magalhães. "Minha expectativa?
Baixa credibilidade", disse.
A linha defendida por Alckmin
no jantar com os deputados é a do
"tucano respondão". Uma prévia
dessa linha ocorreu semanas
atrás, quando polemizou com a
prefeita Marta Suplicy (PT-SP),
dizendo que ela não sabia "prefeitar" (cuidar da cidade).
O encontro de anteontem foi o
primeiro da bancada federal paulista com Alckmin desde a sua
posse como governador, em março, após a morte de Covas.
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