São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2001

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SAÚDE

Prefeita paulistana se submete no domingo a cirurgia no Albert Einstein que pode ou não identificar tumor na tireóide

Marta será operada para retirar nódulo

DA REPORTAGEM LOCAL

DE LONDRES

A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), 56, será submetida, no próximo domingo, a cirurgia para retirada de um nódulo na tireóide, detectado há duas semanas pelo médico Roberto Colletes. A cirurgia será realizada pela equipe do dr. Claudio Cernea, no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Não se sabe ainda se se trata de um tumor e, nesse caso, se é benigno ou maligno.
Segundo nota oficial divulgada pela prefeitura, Marta Suplicy se submeteu a uma biópsia por punção, que revelou tratar-se de uma lesão folicular (as células se agrupam na forma de folículos). Esse exame consiste na retirada de células por meio de uma agulha fina para verificação do tipo de lesão.
Ao retornar de sua viagem oficial à Europa, na sexta-feira, a prefeita paulistana deve falar sobre sua saúde. A petista está em Genebra, na Suíça, onde participa de uma feira de turismo.
A tireóide é uma glândula localizada no pescoço, e o aparecimento de nódulos é comum em mulheres com mais de 40 anos de idade. A glândula produz os hormônios T3 e T4, que regulam o metabolismo do organismo.

Transparência
A prefeita pretendia anunciar publicamente, nos próximos dias, que passará por uma cirurgia. Segundo amigos, ela está muito disposta e disse que pretende tratar do assunto com toda a transparência possível.
Ontem, procurada pela Folha em Genebra, Marta não quis comentar o assunto. "A prefeita não tem nada a declarar sobre isso", disse o secretário de Relações Internacionais da prefeitura, Jorge Mattoso.
Com informações preliminares sobre o possível tumor, a reportagem questionou Marta se ela teria ido à Suíça para consultar médicos. A prefeita respondeu: "Não fui a médico nenhum. Minha visita aqui não tem nenhum caráter pessoal, de doença ou de qualquer coisa parecida".
Marta resolver fazer um check-up há cerca de um mês. Em conversas reservadas disse a amigos que pretendida fazer um check-up por considerar que estava engordando demais.
Desde então, a prefeita tem feito uma dieta severa e já perdeu cerca de seis quilos. O senador Eduardo Suplicy, ex-marido da prefeita, foi um dos primeiros a conhecer o resultado dos exames que detectaram o nódulo na tireóide. Marta falou com poucas pessoas no PT e na prefeitura sobre o problema.
Segundo estudo do professor Hélio Bisi, da faculdade de Medicina da USP, mais de 60% das mulheres desenvolvem nódulos de tireóide. Mas, segundo o endocrinologista Simão Lottenberg, também professor de medicina da USP, a chance de uma lesão folicular, como a que tem Marta, ser maligna, é de apenas 10%.
Segundo o cirurgião de cabeça e pescoço Orlando Parise Júnior, do Hospital Sírio Libanês, o nódulo de padrão folicular pode comumente ter três diagnósticos. Na maioria dos casos, trata-se de um bócio adenomatoso (mudança na arquitetura da glândula tireoideana). Além disso, a lesão pode ser um tumor benigno (adenoma) ou maligno (carcinoma). "Mesmo se for maligno, o tumor folicular é altamente curável. No caso de uma mulher entre 50 e 60 anos (caso de Marta), o índice de cura é superior a 75%", diz Parise Júnior.
O médico disse que o tratamento envolve a retirada total da glândula e que a cirurgia leva de duas a três horas. Após a cirurgia, no caso de o tumor ser maligno, é rotina haver o que se denomina uma "captação de corpo inteiro" com iodo radioativo -exame para detectar a eventualidade de ocorrência de metástase. O paciente terá de repor de forma permanente, por via oral, os hormônios que a tireóide produz.
"Mesmo que ocorra metástase, a doença é curável por meio de tratamento com iodo radioativo, administrado por via oral", afirmou Lottenberg.



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