São Paulo, quarta-feira, 30 de maio de 2001

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PARANÁ

Ex-sargento afirma que fazia escuta e que PM sabia

CPI recebe papéis que comprovariam grampos feitos a mando de banco

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O Sindicato dos Bancários de Curitiba entregou ontem à CPI da Telefonia da Assembléia Legislativa do Paraná cópias de papéis que comprovariam a existência de grampos feitos a mando da área de segurança do banco HSBC-Bamerindus para monitorar atividades de sindicalistas.
A espionagem tinha supervisão de um policial militar a serviço do banco, segundo depoimento anexado ao dossiê. Entre os papéis entregues à CPI há cópias de recibos de pagamentos a autônomos com assinaturas atribuídas a 14 policiais civis, 8 deles do Paraná.
Os pagamentos teriam sido feitos a sete delegados e um investigador da Polícia Civil do Paraná. Há dois outros nomes que seriam de policiais civis de São Paulo, um da Bahia e três policiais federais. Os recibos de pagamento variam de R$ 526,32 a R$ 4,5 mil.
A denúncia partiu do ex-primeiro-sargento Jorge Luiz Martins, expulso da Polícia Militar em março, após responder a Inquérito Policial Militar por dupla atividade. Ele recebia salário da PM e era funcionário registrado no HSBC. O ex-sargento responde a um processo no Tribunal Militar por falsidade ideológica.
Procurado pela Agência Folha, Martins disse que começou a fazer serviço de investigação interna no banco em dezembro de 94, quando o Bamerindus ainda não havia sido comprado pelo inglês HSBC, por ordem do então comandante-geral da PM, coronel Sérgio Itamar Alves. Ele disse que desde aquela época sua atividade era do conhecimento dos comandos da PM que se sucederam.
Martins foi contratado pelo então diretor de Segurança do HSBC, Lewis Keith.
No dossiê entregue à CPI há cópias de relatórios assinados pelo ex-sargento, dando conta de grampos telefônicos no sindicato, filmagens de manifestações contra o banco e fichas levantadas no Instituto de Identificação e na área judicial, inclusive de mulheres de alguns dos sindicalistas.
""Eu não fazia escuta telefônica, só montava os relatórios", disse Martins. ""Esse material era remetido à PM", disse ele, que recebia R$ 1.200 mensais como bancário no período em que foi registrado. A empresa acusada de executar os grampos é a SPI Agência de Informações Confidenciais Ltda., com sede em Curitiba.



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