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PARANÁ
Ex-sargento afirma que fazia escuta e que PM sabia
CPI recebe papéis que comprovariam grampos feitos a mando de banco
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O Sindicato dos Bancários de
Curitiba entregou ontem à CPI da
Telefonia da Assembléia Legislativa do Paraná cópias de papéis
que comprovariam a existência
de grampos feitos a mando da
área de segurança do banco
HSBC-Bamerindus para monitorar atividades de sindicalistas.
A espionagem tinha supervisão
de um policial militar a serviço do
banco, segundo depoimento anexado ao dossiê. Entre os papéis
entregues à CPI há cópias de recibos de pagamentos a autônomos
com assinaturas atribuídas a 14
policiais civis, 8 deles do Paraná.
Os pagamentos teriam sido feitos a sete delegados e um investigador da Polícia Civil do Paraná.
Há dois outros nomes que seriam
de policiais civis de São Paulo, um
da Bahia e três policiais federais.
Os recibos de pagamento variam
de R$ 526,32 a R$ 4,5 mil.
A denúncia partiu do ex-primeiro-sargento Jorge Luiz Martins, expulso da Polícia Militar em
março, após responder a Inquérito Policial Militar por dupla atividade. Ele recebia salário da PM e
era funcionário registrado no
HSBC. O ex-sargento responde a
um processo no Tribunal Militar
por falsidade ideológica.
Procurado pela Agência Folha,
Martins disse que começou a fazer serviço de investigação interna no banco em dezembro de 94,
quando o Bamerindus ainda não
havia sido comprado pelo inglês
HSBC, por ordem do então comandante-geral da PM, coronel
Sérgio Itamar Alves. Ele disse que
desde aquela época sua atividade
era do conhecimento dos comandos da PM que se sucederam.
Martins foi contratado pelo então diretor de Segurança do
HSBC, Lewis Keith.
No dossiê entregue à CPI há cópias de relatórios assinados pelo
ex-sargento, dando conta de
grampos telefônicos no sindicato,
filmagens de manifestações contra o banco e fichas levantadas no
Instituto de Identificação e na
área judicial, inclusive de mulheres de alguns dos sindicalistas.
""Eu não fazia escuta telefônica,
só montava os relatórios", disse
Martins. ""Esse material era remetido à PM", disse ele, que recebia
R$ 1.200 mensais como bancário
no período em que foi registrado.
A empresa acusada de executar os
grampos é a SPI Agência de Informações Confidenciais Ltda., com
sede em Curitiba.
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