São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Petista anuncia operação para buscar apoio de peemedebistas descontentes com a candidatura tucana

"Vamos minar a base do Serra", diz Lula

XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL AO VALE DO PARAÍBA

A ordem no PT, segundo alardeou ontem, sem nenhuma cerimônia, o pré-candidato do partido à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, é a seguinte: "Vamos minar a base do Serra".
O anúncio, feito na visita da caravana petista a São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), é a face mais explícita da operação iniciada nos últimos dias para tentar buscar o apoio do PMDB.
Na opinião de Lula, o desejo dos seus adversários e da imprensa é que o PT busque apoio apenas do pequeno PSTU. "Vamos evitar que as pessoas caiam nos braços do governo", disse Lula, após falar diretamente sobre o caso dos peemedebistas descontentes com a aliança do partido com a pré-candidatura de José Serra (PSDB).
A ofensiva do PT, que prega o nome do senador Pedro Simon (PMDB-RS) como o vice dos sonhos, tem uma meta, considerada difícil: "Tirar o PMDB dos braços do Serra", como relatou ontem, ao lado de Lula, o pré-candidato petista ao governo de São Paulo, José Genoino. "Nem precisaria obrigatoriamente coligar-se com o PT em nível federal."
Com esse cenário, considerado pelo partido a "utopia de varejo" no momento, os peemedebistas estariam liberados para apoiar quem bem desejassem nos Estados, o que levaria a coligações formais, de acordo com o desejo de Lula, em São Paulo, Minas, Paraná, Rio e Goiás.

Estrago
Mesmo que o sonho não seja realizado, os caciques petistas se contentam com o "factóide" provocado pelo ataque à base de Serra. O estrago, segundo eles, já começou a ser feito, e deixará sequelas na campanha tucana.
A avaliação de bastidores já foi traduzida pelo discurso em público de Lula, durante entrevista coletiva em São José dos Campos: "O governo está mais preocupado, Serra está mais preocupado, Fernando Henrique Cardoso está mais preocupado".
O pré-candidato petista acha que o avanço nas fileiras do tucano já serviu para abafar o fato positivo produzido pelo anúncio da deputada Rita Camata (PMDB-ES) como vice na chapa de Serra.
Segundo os petistas, o partido conseguiu neutralizar o "efeito Nizan [Guanaes"" criado na semana passada. A escalação da peemedebista, que chegou a ser cortejada pelo PT, é vista como obra do marqueteiro da campanha tucana.

Recado ao PL
O avanço sobre os peemedebistas que resistem a apoiar o pré-candidato do PSDB também serviu, no entendimento dos petistas, para mandar um recado à cúpula do PL. Depois de um começo de namoro com o PT, dirigentes do Partido Liberal ensaiam possível aliança com o pré-candidato de Anthony Garotinho (PSB).
Com o flerte com o PMDB "rebelde", que tem em Simon, o ex-governador Orestes Quércia (SP) e o senador José Sarney (AP) interlocutores, Lula aposta no "ciúme" dos liberais, que retomariam, com simpatia, as conversas sobre a aliança eleitoral.
A caça aos peemedebistas, definida com ironia como "tática de guerrilha" pelo PT, adiou qualquer possibilidade de escolha de um nome do próprio partido para vice na chapa que concorre à Presidência. Quem perde com isso é o senador Eduardo Suplicy (SP), que tem pequenas chances de ser o chamado para a missão.
Lula disse que Suplicy não está descartado, mas políticos petistas não disfarçam que a medida caseira é vista como a última opção.


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