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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Petista anuncia operação para buscar apoio de peemedebistas descontentes com a candidatura tucana
"Vamos minar a base do Serra", diz Lula
XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL AO VALE DO PARAÍBA
A ordem no PT, segundo alardeou ontem, sem nenhuma cerimônia, o pré-candidato do partido à Presidência, Luiz Inácio Lula
da Silva, é a seguinte: "Vamos minar a base do Serra".
O anúncio, feito na visita da caravana petista a São José dos
Campos, no Vale do Paraíba (SP),
é a face mais explícita da operação
iniciada nos últimos dias para
tentar buscar o apoio do PMDB.
Na opinião de Lula, o desejo dos
seus adversários e da imprensa é
que o PT busque apoio apenas do
pequeno PSTU. "Vamos evitar
que as pessoas caiam nos braços
do governo", disse Lula, após falar
diretamente sobre o caso dos peemedebistas descontentes com a
aliança do partido com a pré-candidatura de José Serra (PSDB).
A ofensiva do PT, que prega o
nome do senador Pedro Simon
(PMDB-RS) como o vice dos sonhos, tem uma meta, considerada
difícil: "Tirar o PMDB dos braços
do Serra", como relatou ontem,
ao lado de Lula, o pré-candidato
petista ao governo de São Paulo,
José Genoino. "Nem precisaria
obrigatoriamente coligar-se com
o PT em nível federal."
Com esse cenário, considerado
pelo partido a "utopia de varejo"
no momento, os peemedebistas
estariam liberados para apoiar
quem bem desejassem nos Estados, o que levaria a coligações formais, de acordo com o desejo de
Lula, em São Paulo, Minas, Paraná, Rio e Goiás.
Estrago
Mesmo que o sonho não seja
realizado, os caciques petistas se
contentam com o "factóide" provocado pelo ataque à base de Serra. O estrago, segundo eles, já começou a ser feito, e deixará sequelas na campanha tucana.
A avaliação de bastidores já foi
traduzida pelo discurso em público de Lula, durante entrevista coletiva em São José dos Campos:
"O governo está mais preocupado, Serra está mais preocupado,
Fernando Henrique Cardoso está
mais preocupado".
O pré-candidato petista acha
que o avanço nas fileiras do tucano já serviu para abafar o fato positivo produzido pelo anúncio da
deputada Rita Camata (PMDB-ES) como vice na chapa de Serra.
Segundo os petistas, o partido
conseguiu neutralizar o "efeito
Nizan [Guanaes"" criado na semana passada. A escalação da
peemedebista, que chegou a ser
cortejada pelo PT, é vista como
obra do marqueteiro da campanha tucana.
Recado ao PL
O avanço sobre os peemedebistas que resistem a apoiar o pré-candidato do PSDB também serviu, no entendimento dos petistas, para mandar um recado à cúpula do PL. Depois de um começo
de namoro com o PT, dirigentes
do Partido Liberal ensaiam possível aliança com o pré-candidato
de Anthony Garotinho (PSB).
Com o flerte com o PMDB "rebelde", que tem em Simon, o ex-governador Orestes Quércia (SP)
e o senador José Sarney (AP) interlocutores, Lula aposta no "ciúme" dos liberais, que retomariam,
com simpatia, as conversas sobre
a aliança eleitoral.
A caça aos peemedebistas, definida com ironia como "tática de
guerrilha" pelo PT, adiou qualquer possibilidade de escolha de
um nome do próprio partido para
vice na chapa que concorre à Presidência. Quem perde com isso é
o senador Eduardo Suplicy (SP),
que tem pequenas chances de ser
o chamado para a missão.
Lula disse que Suplicy não está
descartado, mas políticos petistas
não disfarçam que a medida caseira é vista como a última opção.
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