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ELEIÇÕES
Sócios de ex-diretor do Banco do Brasil contribuíram para o ex-governador Cristovam Buarque na campanha de 98
Doações ligam PT do DF a Ricardo Sérgio
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O PT do Distrito Federal recebeu contribuição financeira de
sócios e empresas ligadas a Ricardo Sérgio de Oliveira na campanha eleitoral de 1998.
Ex-diretor do Banco do Brasil,
Ricardo Sérgio foi caixa da campanha de José Serra (PSDB) ao Senado em 94 e está envolvido em
denúncias de irregularidades (veja quadro nesta página).
A prestação de contas oficial da
campanha de Cristovam Buarque
ao governo do DF registra duas
contribuições da Ricci & Associados Engenharia e Comércio, então sócia de Ricardo Sérgio na
corretora RMC S/A: a primeira
delas, feita em 1º de outubro de 98,
foi de R$ 10 mil; a segunda, no dia
23 do mesmo mês, de outros R$
10 mil. Na mesma prestação, aparece ainda uma doação de R$
5.000 feita por uma RMC S/A.
Cristovam arrecadou R$ 751,8
mil no total e não se reelegeu.
"Ah, tá brincando?", reagiu o
petista, ao ser questionado sobre
as contribuições. "Eu não sabia,
não. Mas se está aí, é verdade."
Cristovam diz que não conhece
Ricardo Sérgio nem os dirigentes
das empresas das quais o ex-diretor do Banco do Brasil era sócio.
"Como o [José" Serra declarou
que votava em mim, vai ver que
foi por aí", afirma ele.
Em 98, Serra, então ministro da
Saúde, declarou voto no petista e
participou de comícios dele. Ricardo Sérgio era considerado pessoa muito ligada aos tucanos. "Eu
não vejo nenhum constrangimento nisso. Na época, não tinha
razão nenhuma para recusar [a
contribuição"", diz Cristovam.
A Folha procurou a RMC e a
Ricci. Num primeiro momento, o
dono da Ricci, José Stephanes
Ferreira Gringo, negou a doação.
Ao ser informado de que o CGC
da empresa (62870183000153) era
o mesmo registrado na prestação
de contas do PT, ele voltou atrás.
Por meio de uma secretária, admitiu a contribuição. "Como o
doutor Cristovam, na época, poderia chegar até a Presidência da
República, era válido contribuir",
afirmou a secretária, que se identificou como Tânia.
A RMC afirmou, por meio do
assessor Sergio Tamer, que tem
em arquivos o registro de uma
contribuição de R$ 5.000 feita na
campanha de 98. "Temos o registro de uma doação eleitoral nesse
valor que coincide também com a
época. Pode dizer que é da RMC,
não tem problema", disse Tamer.
Até 2001, Ricardo Sérgio tinha
um terço da RMC; a Ricci, outro
terço. O restante das ações pertencia a Henrique Freihofer Molinari
e Francisco Leite, os atuais donos.
A Folha procurou Ricardo Sérgio. Segundo sua assessoria, não
seria possível encontrá-lo, pois ele
estava no Rio de Janeiro.
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