São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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ELEIÇÕES

Sócios de ex-diretor do Banco do Brasil contribuíram para o ex-governador Cristovam Buarque na campanha de 98

Doações ligam PT do DF a Ricardo Sérgio

MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA

O PT do Distrito Federal recebeu contribuição financeira de sócios e empresas ligadas a Ricardo Sérgio de Oliveira na campanha eleitoral de 1998.
Ex-diretor do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio foi caixa da campanha de José Serra (PSDB) ao Senado em 94 e está envolvido em denúncias de irregularidades (veja quadro nesta página).
A prestação de contas oficial da campanha de Cristovam Buarque ao governo do DF registra duas contribuições da Ricci & Associados Engenharia e Comércio, então sócia de Ricardo Sérgio na corretora RMC S/A: a primeira delas, feita em 1º de outubro de 98, foi de R$ 10 mil; a segunda, no dia 23 do mesmo mês, de outros R$ 10 mil. Na mesma prestação, aparece ainda uma doação de R$ 5.000 feita por uma RMC S/A.
Cristovam arrecadou R$ 751,8 mil no total e não se reelegeu.
"Ah, tá brincando?", reagiu o petista, ao ser questionado sobre as contribuições. "Eu não sabia, não. Mas se está aí, é verdade."
Cristovam diz que não conhece Ricardo Sérgio nem os dirigentes das empresas das quais o ex-diretor do Banco do Brasil era sócio. "Como o [José" Serra declarou que votava em mim, vai ver que foi por aí", afirma ele.
Em 98, Serra, então ministro da Saúde, declarou voto no petista e participou de comícios dele. Ricardo Sérgio era considerado pessoa muito ligada aos tucanos. "Eu não vejo nenhum constrangimento nisso. Na época, não tinha razão nenhuma para recusar [a contribuição"", diz Cristovam.
A Folha procurou a RMC e a Ricci. Num primeiro momento, o dono da Ricci, José Stephanes Ferreira Gringo, negou a doação. Ao ser informado de que o CGC da empresa (62870183000153) era o mesmo registrado na prestação de contas do PT, ele voltou atrás.
Por meio de uma secretária, admitiu a contribuição. "Como o doutor Cristovam, na época, poderia chegar até a Presidência da República, era válido contribuir", afirmou a secretária, que se identificou como Tânia.
A RMC afirmou, por meio do assessor Sergio Tamer, que tem em arquivos o registro de uma contribuição de R$ 5.000 feita na campanha de 98. "Temos o registro de uma doação eleitoral nesse valor que coincide também com a época. Pode dizer que é da RMC, não tem problema", disse Tamer.
Até 2001, Ricardo Sérgio tinha um terço da RMC; a Ricci, outro terço. O restante das ações pertencia a Henrique Freihofer Molinari e Francisco Leite, os atuais donos.
A Folha procurou Ricardo Sérgio. Segundo sua assessoria, não seria possível encontrá-lo, pois ele estava no Rio de Janeiro.



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