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JANIO DE FREITAS
Os convertidos
Os protestos que tomam
as ruas de várias cidades do
Peru e são reprimidos com a decretação do militaresco estado de
emergência, adotado pela segunda vez nos dois anos do atual governo, respondem à face institucional e política, ainda pouco ou
nada estudada como tal, dos já
bem conhecidos programas econômicos impostos na América
Latina por entidades como o FMI
e o Banco Mundial, extensões
operacionais do Consenso de
Washington.
Economista formado nos EStados Unidos, o presidente de origem índia e ex-engraxate, Alejandro Toledo, é mais um dos que
seguem a senda aberta por Carlos
Menem e Alberto Fujimori. É
mais um dos que ofertam ao eleitorado, na ponta dos dedos ou na
ponta da língua, programas coerentes com as urgências e aspirações dos seus países e, uma vez
chegados ao governo, rendem-se
ao conjunto, acobertado pelo eufemismo "mercado", em que se
interligam o FMI, o Banco Mundial, o setor financeiro e o sistema
internacional de especulação.
De toda a leva de presidentes
eleitos na América Latina, da metade dos anos 90 para cá, o venezuelano Hugo Chávez é o único
que, apesar de todos os problemas
gerados por seu governo e pelos
oponentes conservadores, não se
contrapôs, como governante, ao
que foi como candidato.
Empossado neste mês, já por isso o novo presidente da Argentina
não poderia figurar no rol dos
convertidos. Mas, antes mesmo
da posse, proporcionou uma síntese para explicá-los. Está no sentido velado desta frase preciosa:
"Eu não vou deixar os meus princípios na porta da Casa Rosada".
A Casa Rosada é um misto argentino de Planalto e Alvorada.
A confissão
Depois da revelação de que o
governo americano exigiu da
CIA relatórios falsos sobre a posse, pelo Iraque, de armas de destruição em massa, é conveniente
memorizar essa explicação do
principal formulador da estratégia belicista de Bush: a ênfase nas
tese das armas foi escolhida porque "era o tema sobre o qual todos concordavam" para justificar
a guerra.
Paul Wolfowitz é subsecretário
de Defesa. Mas sua obsessão é o
ataque.
Nas nuvens
É no mínimo questionável, do
ponto de vista ético, a aceitação
do novo jato BBS oferecido pela
fábrica Boeing para a viagem que
Luiz Inácio Lula da Silva deve
iniciar, hoje, à Europa.
O interesse da Boeing é a venda
de um avião semelhante, para
uso da Presidência. Se vier a adquiri-lo, o governo está, desde
agora, envolvido na aceitação de
benefício proporcionado por um
fornecedor. Se não pretende fazer
o injustificável gasto com a compra do avião, é outro bom motivo
para não aceitar o favor.
Se não quer mais usar o Boeing
707, o que a Presidência deve fazer, para as viagens internacionais de Lula, é fretar um avião
comercial. Como fazem tantos
presidentes europeus e, com mais
viagens, João Paulo 2º.
Esse negócio de avião não tem
cabimento.
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