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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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Documento divulgado pela CNBB faz críticas às opções do governo

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documento discutido em reunião da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que terminou ontem, faz duras críticas à atual política econômica e diz que as propostas de reforma da Previdência e tributária foram encaminhadas ao Congresso por "pressão do capital financeiro".
Questiona ainda se o governo terá força para promover "a verdadeira mudança social" ou se o pedido por reformas estruturais será "abafado por políticas compensatórias".
O texto "Análise de Conjuntura (maio 2003)" diz que o governo tem se orientado "mais pela bússola dos indicadores financeiros -que vão bem- do que pelos indicadores sociais -que vão mal". Foi elaborado pelo professor e assessor da CNBB para o setor de comunidade eclesial de base Pedro Ribeiro de Oliveira, com a ajuda de cinco padres.
Durante entrevista, o presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, eleito no início do mês, defendeu que as reformas tragam benefícios sociais, não taxando trabalhadores com salários baixos. "Os que ganham para sua sobrevivência não devem ser taxados. Os que ganham mais têm a obrigação, diante do bem comum, de colaborar para a melhoria do nosso povo", disse, sem especificar valores.
Apesar de afirmar que o documento "Análise de Conjuntura" não é da CNBB, o vice-presidente da conferência, dom Antonio Celso de Queirós, disse que ele reúne uma síntese de pontos a serem refletidos pela entidade.
"Fazer análise não significa ter uma decisão imediata, mas ajuda a acompanhar os acontecimentos", disse dom Antonio, que ressaltou a posição crítica da CNBB "em aspectos que não forem bem encaminhados".
"Ajudar pode significar somar forças ao governo, como no caso do Fome Zero. Mas também pode significar apresentar uma posição crítica", afirmou.
O texto usado para discussão na entidade trata desde a situação do mercado até a atitude dos radicais do PT no Congresso e a situação política da Argentina.
"Tendo mantido os rumos do governo anterior, que confiou sua política econômica ao "mercado", [a atual gestão] encontra enorme dificuldade para fazer a correção de rota", diz a análise.
E completa: "Embora não se fale mais de ameaça de ataque especulativo ou de disparada do dólar, o argumento da "vulnerabilidade da economia brasileira" tem sido usado para dar seguimento à política neoliberal de FHC".
Sobre os radicais do PT, que chegaram a ameaçar votar contra as reformas, o documento diz que o "maior problema do governo não têm sido os movimentos sociais, que têm mostrado a paciência pedida pelo presidente -paciência que os credores evidentemente não têm- mas o partido".
Por outro lado, o texto diz que há alentadores sinais de mudança em relação à gestão anterior, destacando a política externa e as negociações com movimentos sociais no campo, como a Contag, abertas no Grito da Terra, no início do mês.


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