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Documento divulgado pela CNBB
faz críticas às opções do governo
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento discutido em reunião da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que
terminou ontem, faz duras críticas à atual política econômica e
diz que as propostas de reforma
da Previdência e tributária foram
encaminhadas ao Congresso por
"pressão do capital financeiro".
Questiona ainda se o governo
terá força para promover "a verdadeira mudança social" ou se o
pedido por reformas estruturais
será "abafado por políticas compensatórias".
O texto "Análise de Conjuntura
(maio 2003)" diz que o governo
tem se orientado "mais pela bússola dos indicadores financeiros
-que vão bem- do que pelos
indicadores sociais -que vão
mal". Foi elaborado pelo professor e assessor da CNBB para o setor de comunidade eclesial de base Pedro Ribeiro de Oliveira, com
a ajuda de cinco padres.
Durante entrevista, o presidente
da CNBB, dom Geraldo Majella
Agnelo, eleito no início do mês,
defendeu que as reformas tragam
benefícios sociais, não taxando
trabalhadores com salários baixos. "Os que ganham para sua sobrevivência não devem ser taxados. Os que ganham mais têm a
obrigação, diante do bem comum, de colaborar para a melhoria do nosso povo", disse, sem especificar valores.
Apesar de afirmar que o documento "Análise de Conjuntura"
não é da CNBB, o vice-presidente
da conferência, dom Antonio Celso de Queirós, disse que ele reúne
uma síntese de pontos a serem refletidos pela entidade.
"Fazer análise não significa ter
uma decisão imediata, mas ajuda
a acompanhar os acontecimentos", disse dom Antonio, que ressaltou a posição crítica da CNBB
"em aspectos que não forem bem
encaminhados".
"Ajudar pode significar somar
forças ao governo, como no caso
do Fome Zero. Mas também pode
significar apresentar uma posição
crítica", afirmou.
O texto usado para discussão na
entidade trata desde a situação do
mercado até a atitude dos radicais
do PT no Congresso e a situação
política da Argentina.
"Tendo mantido os rumos do
governo anterior, que confiou sua
política econômica ao "mercado",
[a atual gestão] encontra enorme
dificuldade para fazer a correção
de rota", diz a análise.
E completa: "Embora não se fale
mais de ameaça de ataque especulativo ou de disparada do dólar, o
argumento da "vulnerabilidade da
economia brasileira" tem sido
usado para dar seguimento à política neoliberal de FHC".
Sobre os radicais do PT, que
chegaram a ameaçar votar contra
as reformas, o documento diz que
o "maior problema do governo
não têm sido os movimentos sociais, que têm mostrado a paciência pedida pelo presidente -paciência que os credores evidentemente não têm- mas o partido".
Por outro lado, o texto diz que
há alentadores sinais de mudança
em relação à gestão anterior, destacando a política externa e as negociações com movimentos sociais no campo, como a Contag,
abertas no Grito da Terra, no início do mês.
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