São Paulo, domingo, 30 de junho de 2002

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PERFIL

Alencar tem 51 anos de vida empresarial

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Em dezembro de 2000, quando comemorou com 2.300 convidados os seus 50 anos de vida empresarial, em uma grande festa no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, com muita comida e bebida e políticos da situação e da oposição ao governo FHC, o empresário José Alencar, 70, começou a defender a "alternância do poder" no país.
Desde então, vem usando essa expressão repetidas vezes, a ponto de fazer Luiz Inácio Lula da Silva incorporá-la nas suas falas aos empresários brasileiros, mas sempre citando aquele que a defende com vigor.
Mas não é apenas essa a razão de um empresário dono de um império têxtil com ativos de R$ 1,4 bilhão -o Grupo Coteminas, com 11 unidades e 16 mil funcionários- ter abraçado um político da esquerda brasileira, Lula, por achar que ele representa essa alternância.
Apesar da brutal diferença de posição econômico-social entre ele e Lula, facilmente constatada nos arquivos da Receita Federal, Alencar associa a história do petista à sua origem humilde, de família pobre em Muriaé, no interior de Minas Gerais, que saiu de casa ainda menino para trabalhar e dormir no corredor de uma pensão, deixando para trás os pais e mais 14 irmãos.
Essa origem ele estende também, de maneira geral, aos petistas "O PT tem excelentes quadros. São moços e moças simples, mas estudiosos e preocupados com as questões sociais. Tenho muita afinidade com eles. Eu saí de casa para trabalhar aos 14 anos praticamente descalço. As minhas empresas são fortes, mas eu sou a mesma pessoa", disse ele à Folha. Por isso, ele diz que essa alternância seria "mais legítima" com Lula, apesar de afirmar que não é de esquerda, mas de "centro".
Alencar começou de fato na política em 1994, quando deixou a presidência da Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e entrou para o PMDB para disputar e perder o governo de Minas. Quatro anos depois, Alencar foi eleito senador pelo PMDB-MG, partido que deixou no ano passado após perder a disputa pelo comando interno para Newton Cardoso. Ingressou no PL, já com a perspectiva de ser vice de Lula.
Em 1997, ele descobriu dois tumores malignos no rim direito e no estômago, ainda incipientes, e foi operado. Desde então, nunca teve mais problemas decorrentes desse câncer.


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