|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO
Governadores devem propor hoje ao presidente a unificação dos programas; reformas também estarão na pauta
Lula e Estados discutem rateio de verba social
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
ENVIADO ESPECIAL A PARINTINS
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva vai discutir hoje com os 27
governadores do país, durante
encontro em Brasília, a unificação
dos programas sociais e a divisão
dos custos das ações entre União,
Estados e municípios.
A proposta será apresentada
por Marconi Perillo (PSDB), de
Goiás, e deverá contar com o
apoio dos outros sete governadores tucanos, entre eles Geraldo
Alckmin, de São Paulo, e Aécio
Neves, de Minas Gerais.
O encontro de amanhã será o
terceiro realizado entre Lula e os
governadores.
Dentro do PT, segundo a Folha
apurou, a idéia dos tucanos tem a
simpatia do presidente Lula e de
técnicos da área social, mas encontra resistência em alguns ministérios que temem perder autonomia e visibilidade para os governos estaduais e municipais.
"Com essa medida a gente pode
criar um único valor de benefício
e aumentar o número de pessoas
atendidas, pois acabaríamos com
a duplicidade de benefícios", defendeu Perillo ontem, em Parintins (AM), onde, ao lado do presidente, assistiu ao desfile folclórico
dos "blocos" de boi-bumbá Caprichoso e Garantido.
A idéia seria unificar todos os
cadastros, estaduais, municipais e
federais, incluindo o do Fome Zero. A União ficaria responsável
por 60% das verbas a serem repassadas para os programas.
O restante do dinheiro seria dividido entre os Estados -30%-
e os municípios -10%. Pelos cálculos do governo de Goiás, o valor
dos benefícios saltaria imediatamente para meio salário mínimo,
R$ 120. Oito milhões de famílias
poderiam ser atendidas.
Hoje o Fome Zero paga R$ 50
mensais a cada família.
A base da proposta são os programas Renda Cidadã, de São
Paulo e de Goiás, que serviram de
modelo inicial para o Fome Zero.
Os governadores tucanos trabalham politicamente para ganhar o
apoio do presidente à proposta
desde o final do ano passado, mas
sofrem oposição de setores do PT.
"A unificação dos cadastros é o
que pregava e vinha fazendo o governo [do ex-presidente] Fernando Henrique Cardoso", argumentou o governador Perillo.
Reformas
No encontro de hoje, segundo
Lula afirmou ontem em Parintins,
também serão debatidos os últimos ajustes nas propostas de reforma que estão no Congresso e o
programa Primeiro Emprego, do
governo federal.
"Será apenas um acerto com os
governadores para o aprimoramento da reforma tributária e da
previdenciária", ponderou Lula.
Mas os governadores que
acompanharam o Festival Folclórico de Parintins ao lado do presidente mostraram que ainda existem muitas divergências a serem
dirimidas antes que o sistema
unificado comece a funcionar efetivamente em todo o país.
O próprio Perillo defende uma
"flexibilização das políticas fiscais". "Alguns Estados, como
Goiás, não podem perder sua autonomia para oferecer pequenos
benefícios tendo em vista atrair
novos investimentos", declarou.
O governador de Goiás afirmou
que se encontrou com o relator da
reforma na Câmara, Virgílio Guimarães (PT-MG), no Amazonas e
disse que o parlamentar foi "simpático" à proposta dos tucanos.
"O que o Perillo quer é manter
uma espécie de meia guerra fiscal", rebateu o governador do
Amazonas, Eduardo Braga (PPS),
que havia sido apontado pelo colega de Goiás como defensor da
proposta de unificação.
Germano Rigotto (PMDB), do
Rio Grande do Sul, também foi
contra. "Essa proposta pode travar o diálogo porque a idéia inicial
da reforma é acabar com a guerra
fiscal", afirmou. Mas defendeu
um período de transição.
Os governadores que estiveram
com Lula no final de semana disseram que o presidente deve aceitar a criação de um fundo de compensação para os Estados chamados "exportadores". A verba sairia do Orçamento da União.
Texto Anterior: Em tribunal paralelo, Heloísa Helena insinua que poderá deixar o partido Próximo Texto: Governo lança Primeiro Emprego com redução de 72% nos recursos Índice
|