São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/ALIANÇAS

Apoio do partido de Ciro Gomes ao tucano será oficializado amanhã; decisão, que contraria o ministro, acentua racha na legenda

Serra atrai PPS e fica com maior tempo na TV

MURILO FIUZA DE MELO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PPS oficializa amanhã seu apoio ao candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra. Com a decisão, Serra, que já tem o vice do PFL, passa a ter no mínimo 13min10s de tempo de televisão- o maior entre os candidatos à sucessão paulistana.
O segundo maior tempo é o da prefeita Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição, com 12min9s.
O apoio a Serra acentua o racha no PPS. Apesar de ser da base de sustentação do governo Lula, o partido está dividido entre uma ala mais próxima ao Planalto, liderada pelo ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), e uma mais combativa, encabeçada pelo presidente nacional da legenda, deputado Roberto Freire (PE).
Há, ao menos, dois meses, o PT, com a ajuda de Ciro, vinha tentando atrair o PPS para a coligação de Marta, que já conta com, entre outros, PTB, PC do B e PL. Freire era contrário. Na semana passada, o deputado teve uma reunião com Serra na qual acertou o apoio do PPS ao tucano.
Ciro havia articulado o lançamento da pré-candidatura do deputado federal João Herrmann (SP), que perdeu a convenção do partido para o deputado estadual Arnaldo Jardim, líder do PPS na Assembléia paulista e aliado do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Herrmann até mudou seu domicílio eleitoral para a capital. Na convenção, porém, Jardim o derrotou por 49 votos a 41.
A convenção também delegou à Executiva municipal do PPS a decisão de homologar a candidatura do líder na Assembléia. Ao apostar em Herrmann, Ciro tentava evitar que Jardim, escolhido candidato, viesse a desistir em favor de Serra, o que, de fato, ocorreu.
Anteontem, o deputado estadual renunciou à disputa da sucessão municipal, e a Executiva, por 15 votos favoráveis, decidiu pelo apoio a Serra. Dois integrantes da cúpula partidária defenderam uma aliança com a candidata do PSB, a deputada federal Luiza Erundina (SP). Só um optou pelo apoio a Marta. Três se abstiveram.

Vereadores
O PPS também decidiu lançar uma chapa própria de vereadores na capital paulista. "No nosso entender, a eleição será polarizada entre Marta e Serra. Nesse quadro, nossa candidatura não teria um bom desempenho, e isso poderia afetar a nossa chapa de vereadores", disse Jardim. O partido tem hoje só dois representantes na Câmara Municipal. A projeção do deputado é de, pelo menos, conseguir dobrar essa bancada.
Para o presidente municipal do PSDB, deputado estadual Edson Aparecido, um dos coordenadores da campanha de Serra, o apoio do PPS consolida a "aliança histórica" entre o PSDB e o partido. "Eles estão juntos conosco desde a gestão Mário Covas", afirmou.
Aparecido e Jardim admitem que o apoio do PPS já no primeiro turno poderá render espaço num virtual governo Serra. Hoje, o partido, apesar de apoiar Alckmin na Assembléia, não tem secretarias estaduais. "Isso não foi discutido ainda, mas não descartamos a possibilidade do PPS estar no governo conosco", disse Aparecido.
Segundo a assessoria de Jardim, Alckmin, Serra e Roberto Freire participarão da cerimônia que oficializará o apoio ao tucano.


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