São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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SUCESSÃO
Candidato petista discursou para operários nas portas das fábricas da Volks e da Scania, em São Bernardo
Lula ataca o Congresso em ato no ABCD

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

Os parlamentares foram o alvo dos discursos de Luiz Inácio Lula da Silva ontem de madrugada em portas de fábrica em São Bernardo do Campo (SP).
"Uma vez falei que havia uns 300 picaretas no Congresso, mas a coisa só piorou", afirmou Lula para uma platéia simpática à sua pregação.
O candidato presidencial da frente de esquerda (PT, PDT, PSB, PC do B e PCB) foi pedir votos para trabalhadores da Volks e da Scania. A programação foi agendada para compensar a ausência de Lula nos protestos contra o leilão do Sistema Telebrás, no Rio.
Em frente ao portão de entrada na Volks, Lula conseguiu atrair a atenção de cerca de 1.500 trabalhadores. Criticou a imprensa, que para ele está escondendo a questão da seca no Nordeste para ajudar a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, e investiu contra o tucano.
"O presidente não vem para a porta da fábrica porque isso contraria a lógica de uma campanha moderna, que tenta de forma sórdida ganhar o imaginário do trabalhador", disse Lula.
Para cativar a platéia, o petista fez o contraponto entre a campanha "milionária" de seu adversário e uma das formas de arrecadação da campanha do PT.
"Devemos perguntar quem está doando os R$ 70 milhões que eles vão gastar na campanha. Nós dependemos das moedinhas que os trabalhadores vão depositar nos nossos cofrinhos", afirmou.
O petista estava acompanhado de Marta Suplicy, candidata do partido ao governo de São Paulo, e do senador Eduardo Suplicy, que tenta a reeleição.
Nos três discursos que fez, Lula insistiu na importância de eleger Marta. Suplicy não falou do seu programa de renda mínima, o principal mote de sua campanha.
A defesa de Suplicy foi feita por sua mulher, Marta. "Suplicy faz a diferença num Congresso que tem mais de 300 picaretas e a maioria venal", declarou a candidata ao governo. "No Congresso, poucos não estão lá para fazer negócios", acrescentou.
Com calça jeans e tênis branco, Marta utilizou linguagem informal no discurso para os trabalhadores do ABCD. "O que esses caras como Maluf, Covas, Quércia e Rossi têm de novo?", indagou, por exemplo, referindo-se a seus adversários na disputa ao governo paulista.
Em outro trecho de seu discurso, na Volks, a candidata petista atacou Covas. "É um governador que não peitou a União quando ela prejudicou São Paulo", afirmou.



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