São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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SEMINÁRIO
Sociólogo chileno diz que liberdade econômica ajuda a reduzir ação de corruptos
Estudo liga corrupção à ineficiência

VIVALDO DE SOUSA
enviado especial a Santiago

A corrupção tende a ser maior nos países onde o sistema legal (Judiciário e Executivo) é ineficiente, onde não há muita liberdade econômica e onde o grau de competitividade entre os partidos políticos é pequeno. Essa é conclusão de um estudo do sociólogo chileno Eugenio Guzmán.
Usando dados de diversos institutos sobre corrupção, liberdade econômica e eficiência do Judiciário, Guzmán mostrou que há uma relação muito grande entre essas variáveis. Ou seja, o trabalho de combate à corrupção deve envolver mudanças em várias áreas do Estado e da sociedade.
O trabalho foi feito com base em dados de 97 da Transparência Internacional sobre corrupção e de 96 e 97 nos demais casos junto ao Banco Mundial, The Fraser Institute e The Heritage Foundation. As conclusões foram apresentadas na semana passada em um seminário realizado em Santiago.
Organizado pela Forja (Formação Jurídica para a Ação, organização não-governamental chilena), o seminário teve como tema o papel dos meios de comunicação para melhorar a transparência nos assuntos de interesse público. O seminário foi patrocinado pelo governo do Chile e pela Associação Canadense de Desenvolvimento Internacional.
Guzmán disse que os países com pouca liberdade econômica e com alta impunidade jurídica têm mais incentivos para o aumento da corrupção. A medida que há demora na punição por parte da Justiça, as pessoas têm a impressão de que a probabilidade de isso ocorrer seja cada vez menor.
A papel da Justiça, porém, não deve se limitar a punir somente o corrompido, mas também o corruptor, disse durante o seminário o presidente do Conselho de Auditoria Interna do Chile, Rodrigo Moraga. Segundo ele, a corrupção é algo que afeta tanto o setor público quanto o setor privado.
Outro ponto importante para reduzir a corrupção, segundo Guzmán, é o sistema político de cada país. Onde a competição política é maior, a fiscalização por parte dos partidos políticos e da sociedade civil também é grande.
Guzmán disse que a concorrência entre as empresas é um fator importante para reduzir a corrupção. De acordo com ele, os países que sofrem mais intervenção do Estado na economia também estão mais suscetíveis a um maior grau de corrupção.
Isso pode ocorrer porque o número de papéis e medidas burocráticas aumenta.


O jornalista Vivaldo de Sousa viajou a convite da Forja (Formação Jurídica para a Ação)



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