São Paulo, Sexta-feira, 30 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NO AR
Dois tucanos

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Desde a semana passada, tudo é motivo para FHC e Mário Covas se bicarem.
O presidente falou em chamar as Forças Armadas contra os caminhoneiros. O governador, na Band e outras:
- Aqui em São Paulo, não temos a necessidade de qualquer reforço externo... Quando fechar a estrada, a polícia vai abrir. E vai abrir com ordem minha, minha, minha.
E não de FHC. O presidente não falou diretamente, mas por seus ministros.
O ministro dos Transportes dizia ontem, até tarde, no Jornal Nacional, que não poderia aceitar as exigências dos caminhoneiros para os pedágios, "porque existe a autonomia dos Estados". Pedágio caro é coisa de Covas.
Mas é claro que o distanciamento maior se deu em torno da Ford. O governador não cansou de fustigar FHC, de uma semana para cá.
E o ministro do Trabalho, no meio da greve dos caminhoneiros, preferiu passar os últimos dias usando palavras pesadas para atacar o movimento covista contra o fechamento da Ford em São Paulo.
Dizendo defender o presidente, o ministro chegou até a falar em "afronta".
Por falar em "afronta", FHC recebeu ontem o governador da Bahia, o mesmo que ofendeu Covas dias atrás. Mas FHC não recebeu o presidente da Força Sindical.
Mandou o sindicalista covista falar com o ministro do Desenvolvimento. Aquele ministro que dizia, ontem mesmo, que "confia" na Ford.

O ministro dos Transportes não aceitou a expressão, como se viu na TV, mas o governo cedeu como um "refém" à greve dos caminhoneiros.
Cedeu, como FHC cedeu a Carlos Menem, ontem.
Dois dias antes, com manchete no Jornal Nacional, outro ministro de FHC tinha "cancelado", acintosamente, a visita do presidente argentino.

E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


Texto Anterior: Funcionalismo público: Saem medidas para corte de servidores
Próximo Texto: Correios: Lei para serviços postais é criticada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.