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IGREJA
Documento elaborado a pedido da entidade destaca contraste entre lucro de bancos e aumento de "multidão de despossuídos"
CNBB vê "anemia crônica" em números sociais
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Documento elaborado a pedido
da CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil) e usado como base para discussão da conjuntura econômica e política do
país faz críticas aos indicadores
sociais, dizendo que eles "sofrem
de anemia crônica". O texto também destaca o contraste entre o
lucro recorde dos bancos e o aumento do que chamou de "multidão dos "sem" ou despossuídos".
"Os indicadores macroeconômicos gozam de boa saúde, ao
passo que os indicadores sociais
sofrem de anemia crônica. De
modo particular, sobe o desemprego e cai a renda média dos trabalhadores", diz o documento,
assinado pelo professor Pedro Ribeiro, da Universidade Católica.
Ao ser questionado se essa posição sobre a área social também
era a da CNBB, o presidente da
entidade, d. Geraldo Magella Agnelo, disse: "A constatação é tão
evidente que todos estamos de
acordo com ela".
D. Geraldo fez questão de ressaltar que o documento não é da
CNBB, mas sim feito por um especialista para ajudar nas reflexões da entidade durante a reunião do Conselho Episcopal Pastoral. "As posições da "Análise de
Conjuntura" podem estar em sintonia com as da CNBB", disse.
Ao tratar das relações políticas,
o documento afirma ainda que a
administração do PT, "originada
de um partido cuja marca registrada é o compromisso com mudanças, é um governo de alianças
com interesses diversos".
Por outro lado, o vice-presidente da entidade, d. Antônio Celso
Queiroz, considera esses oito meses de governo um prazo curto
para avaliar a administração.
"Não se trata da Igreja Católica
apoiar o PT ou não. Se trata das
teses defendidas pelo partido que
coincidem com as que a igreja defende. Não é possível mudar a fisionomia do país em seis meses,
um ano ou até quatro anos. Esperamos indicações claras de que as
mudanças começaram", disse.
Para ele, o programa voltado à
agricultura familiar e o Primeiro
Emprego são indicadores que há
algo novo sendo proposto.
Ao comentar sobre a proposta
da reforma da Previdência, aprovada na Câmara, d. Antônio
apoiou a tributação dos inativos.
"Normalmente não se deveria
fazer [cobrar dos aposentados].
Mas no caso do Brasil, em que há
aposentados que são verdadeiros
marajás e outros que são pobres, é
possível que seja feita. Não se pode recorrer a direitos adquiridos
quando se há abusos visíveis."
Os dois dirigentes participaram
ontem, em Brasília, ao lado do secretário-geral da CNBB, d. Odilo
Pedro Scherer, de uma entrevista
para divulgar a Campanha da
Fraternidade 2004 e fazer um balanço deste ano.
No próximo ano, o tema da
campanha será a água. A proposta da CNBB é tratar, entre outros,
a água como patrimônio da humanidade e discutir a escassez.
Quanto ao trabalho deste ano,
que tratou dos idosos, o balanço
foi que a campanha despertou-os
para questões de cidadania e favoreceu a relação da igreja com o
poder público e mídia.
Questionado sobre as críticas da
CNBB e do documento preparado para debates na instituição, o
porta-voz do Planalto, André Singer, disse que o social foi tratado
com prioridade no Orçamento.
Ao ser questionado sobre a decisão do governo Lula de recorrer
da sentença da Justiça que obriga
a União a abrir os arquivos militares relacionados à guerrilha do
Araguaia, d. Agnelo defendeu a
divulgação dos documentos. "O
Evangelho diz: "A verdade, somente a verdade, nos libertará"."
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