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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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PT x PT

Militantes, vereadores e sindicalistas fazem ato; economista fala em "dissidência"

Manifesto "da base" pede resgate do PT

RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Militantes, vereadores e sindicalistas filiados ao PT lançam hoje, às 18h, em frente à sede nacional do partido, em São Paulo, o manifesto "Resgate do PT", com críticas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva e à direção da legenda. Trata-se do primeiro documento do tipo assinado pelas "bases" do partido.
Segundo Julio Turra, um dos organizadores do manifesto, integrante da Executiva Nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da corrente de esquerda do PT "O Trabalho", cerca de 2.300 militantes assinam o texto. Ele divulgou uma lista provisória, datada de 11 de agosto, contendo 150 assinaturas.
O manifesto acusa o governo e a possível expulsão dos parlamentares radicais de ameaçar "destruir o PT". "Chegou a hora de se agrupar para se reapropriar do PT, hoje ameaçado", diz o texto.
"Sete meses depois da posse do novo governo, a nação brasileira e nosso partido entram numa terrível crise", é dito no documento que afirma não terem os eleitores de Lula votado "para que a reforma agrária deixasse de ser feita", "por uma reforma da Previdência que prossegue a obra iniciada por FHC" nem "para renovar o acordo com o FMI".
Entre os signatários estão o economista e professor da Unicamp Plínio de Arruda Sampaio Jr., o membro do Diretório Nacional do PT Markus Sokol e membros de diretórios e executivas estaduais do partido.
Segundo Sampaio Jr., que em junho organizou um manifesto de economistas pedindo mudanças na política econômica de Lula, "há uma revolta dentro do PT".
"O grosso das tendências está em grande revolta [com o governo Lula], mas não se manifestou ainda", disse. "Minha avaliação é que vai ocorrer uma dissidência dentro do partido, que tende a assumir mais ou menos a forma de uma desobediência civil em relação à direção do PT."
Para ele, essa dissidência só seria resolvida com um novo congresso do partido. "Se o partido for de fato isso que estamos vendo, ele racha", declarou o economista. Mas se um novo congresso nacional mostrar que a atual direção não é representativa do PT, disse, será preciso substituí-la.
Sampaio Jr. disse que o manifesto foi iniciado por correntes da esquerda do PT, entre elas "O Trabalho". Turra, no entanto, afirmou que o documento é representativo de todas as tendências.


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