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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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CONFLITO AGRÁRIO

MST acusa incitação à violência no campo; produtores negam

Ruralistas incentivam cerco a invasões

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O MNP (Movimento Nacional de Produtores) e a UDR (União Democrática Ruralista) resolveram incentivar os fazendeiros a cercar propriedades invadidas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no país. O objetivo dos ruralistas é forçar a desocupação das áreas e impedir novas invasões.
Segundo a coordenação do MST em Mato Grosso do Sul, a UDR "incentiva os fazendeiros a se armarem para impedir com força bruta a manifestação das famílias de sem-terra".
Os ruralistas já mantêm um cerco à fazenda Coimbra, invadida no domingo passado pelos sem-terra em Itaporã (325 km ao sul de Campo Grande).
O presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia, afirmou que nunca incentivou a criação de milícia armada ou o uso da força. Ele disse, porém, que "dá o direito aos fazendeiros, seus familiares e funcionários de pegarem em armas" para defender as propriedades em caso de invasão.
As mobilizações dos ruralistas, segundo o MNP e a UDR, serão pacíficas e sem uso de armas.
"Da mesma forma que o MST se organiza para praticar um ato criminoso, os proprietários rurais também vão se organizar para coibir as invasões em fazendas", afirmou Nabhan.
"Nós vamos incentivar todos os produtores rurais para que isso [cerco às fazendas invadidas] ocorra", disse o presidente do MNP, João Bosco Leal.
Em Mato Grosso, o presidente da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária), Zeca D'Ávila, anunciou, no início do mês, que os ruralistas vão passar a "socorrer os companheiros" com terras invadidas no Estado. A estratégia é semelhante à que foi adotada em Mato Grosso do Sul.
A coordenação do MST divulgou nota, na quarta-feira passada, chamando a mobilização dos ruralistas de "perseguição às famílias" de sem-terra.
Desde segunda-feira, cerca de 500 ruralistas, segundo o MNP, mantêm um cerco à fazenda Coimbra, invadida por 900 sem-terra. Para desocuparem a área, os sem-terra exigem que os fazendeiros desmontem o cerco.
Os proprietários rurais também organizaram uma vigília no acampamento do MST localizado em Caarapó (MS). O presidente do Sindicato Rural de Caarapó, Agostinho Pereira Ribeiro, disse que os ruralistas vigiam os sem-terra para impedir invasões.


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