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CONFLITO AGRÁRIO
MST acusa incitação à violência no campo; produtores negam
Ruralistas incentivam cerco a invasões
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O MNP (Movimento Nacional
de Produtores) e a UDR (União
Democrática Ruralista) resolveram incentivar os fazendeiros a
cercar propriedades invadidas
pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no
país. O objetivo dos ruralistas é
forçar a desocupação das áreas e
impedir novas invasões.
Segundo a coordenação do
MST em Mato Grosso do Sul, a
UDR "incentiva os fazendeiros a
se armarem para impedir com
força bruta a manifestação das famílias de sem-terra".
Os ruralistas já mantêm um cerco à fazenda Coimbra, invadida
no domingo passado pelos sem-terra em Itaporã (325 km ao sul de
Campo Grande).
O presidente da UDR, Luiz Antonio Nabhan Garcia, afirmou
que nunca incentivou a criação de
milícia armada ou o uso da força.
Ele disse, porém, que "dá o direito
aos fazendeiros, seus familiares e
funcionários de pegarem em armas" para defender as propriedades em caso de invasão.
As mobilizações dos ruralistas,
segundo o MNP e a UDR, serão
pacíficas e sem uso de armas.
"Da mesma forma que o MST se
organiza para praticar um ato criminoso, os proprietários rurais
também vão se organizar para
coibir as invasões em fazendas",
afirmou Nabhan.
"Nós vamos incentivar todos os
produtores rurais para que isso
[cerco às fazendas invadidas]
ocorra", disse o presidente do
MNP, João Bosco Leal.
Em Mato Grosso, o presidente
da Famato (Federação da Agricultura e Pecuária), Zeca D'Ávila,
anunciou, no início do mês, que
os ruralistas vão passar a "socorrer os companheiros" com terras
invadidas no Estado. A estratégia
é semelhante à que foi adotada em
Mato Grosso do Sul.
A coordenação do MST divulgou nota, na quarta-feira passada,
chamando a mobilização dos ruralistas de "perseguição às famílias" de sem-terra.
Desde segunda-feira, cerca de
500 ruralistas, segundo o MNP,
mantêm um cerco à fazenda
Coimbra, invadida por 900 sem-terra. Para desocuparem a área, os
sem-terra exigem que os fazendeiros desmontem o cerco.
Os proprietários rurais também
organizaram uma vigília no
acampamento do MST localizado
em Caarapó (MS). O presidente
do Sindicato Rural de Caarapó,
Agostinho Pereira Ribeiro, disse
que os ruralistas vigiam os sem-terra para impedir invasões.
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