|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CPI DOS CORREIOS
Governistas boicotam sessão e evitam que comissão tenha quórum suficiente para votar
PT impede a quebra de sigilo de corretoras ligadas a fundos
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo impediu ontem, na
CPI dos Correios, a quebra do sigilo bancário de 11 corretoras que
teriam causado prejuízos a fundos de pensão em operações de
compra e venda de títulos públicos. A base aliada esvaziou o plenário da comissão e não houve
quórum suficiente para deliberar.
Há quinze dias a CPI não vota por
falta de parlamentares.
Relatório parcial da comissão
contabilizou prejuízo de R$ 9 milhões em negociações de títulos
feitas por seis dos 11 fundos de
pensão avaliados. Todas essas entidades de previdência são patrocinadas por estatais. Uma das linhas de investigação dos parlamentares é se esse dinheiro financiou o caixa dois do PT.
A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) retirou ontem três deputados
da sessão da CPI: Nelson Meurer
(PP-PR), Maurício Rands (PT-PE) e Carlos Abicalil (PT-MT). O
presidente da comissão, senador
Delcídio Amaral (PT-MS), esperou duas horas para conseguir a
presença de 17 parlamentares, número mínimo para deliberar. A
operação da senadora, no entanto, inviabilizou a votação.
"É lamentável que a bancada do
governo não se encontre aqui",
disse o presidente, encerrando a
sessão. "Essa procrastinação levará a CPI para o ano que vem, porque eu não vou compactuar com
esse tipo de manobra." A princípio, a comissão encerra os trabalhos em dezembro, mas esse prazo pode ser prorrogado.
"Toda reunião que fazemos é
truncada e não avançamos. Há
mais de 20 dias temos dificuldade
em relação a coisas mínimas para
as investigações", reclamou o relator, deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR).
O processo de votação da quebra de sigilo da corretora Elite estava em andamento quando o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) começou a gritar: "Eu vi a senadora Ideli pedir para o Nelson
Meurer ir embora! Eu vi!" Outros
parlamentares da oposição fizeram coro: "Cadê o PT?"
A senadora negou que tenha retirado os deputados do plenário.
"O Rands tinha [sessão] da CCJ
[Comissão de Constituição e Justiça]", disse o deputado José
Eduardo Cardozo (PT-SP), justificando o desaparecimento do colega. Abicalil também se retirou
quando foi anunciada a votação.
A sessão já começou tumultuada e sem acordo. Os governistas
queriam votar primeiro os requerimentos em torno dos quais havia acordo, mas a oposição não
concordou, já prevendo a estratégia da base aliada.
O deputado Onyx Lorenzoni
(PFL-RS) insistia em querer votar
também um pedido de convocação dos presidentes da Petrobras
e da empresa GDK. O TCU (Tribunal de Contas da União) apontou indícios de superfaturamento
nos contratos da GDK com a estatal. A empresa deu um jipe Land
Rover de presente ao ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira.
Mais um sinal de que os trabalhos da CPI dos Correios desandaram é o fato de o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto
(PFL-BA) ter abandonado a sub-relatoria de fundos de pensão. O
presidente da comissão indicará
outro parlamentar para a função.
ACM Neto acusa Delcídio de
não ter dado suporte para o trabalho, com a contratação de uma
empresa de auditoria para ajudá-lo. "É impossível, partindo do
pressuposto de que a CPI termina
em dezembro, fazer um trabalho
completo nesse prazo", disse o
pefelista. Já Delcídio acusa o PFL
de não querer mais investigar os
fundos de pensão.
Texto Anterior: Toda mídia - Nelson de Sá: Que país é este Próximo Texto: Marinho envolve Fiat em esquema Índice
|