São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2005

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Marinho envolve Fiat em esquema

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

Sem apresentar provas, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho disse ontem que a Fiat teria pago R$ 1 mil por veículo vendido à estatal, segundo parlamentares que acompanharam o depoimento dado à CPI dos Correios.
No total, num dos contratos, os Correios compraram 1.150 veículos, de 2002 a 2003, segundo teria dito o ex-chefe, demitido por justa causa após ter sido flagrado recebendo propina de R$ 3 mil.
O depoimento foi fechado devido a acordo feito por Marinho com o Ministério Público para que o ex-diretor possa receber os benefícios da delação premiada.
Segundo deputados e senadores que acompanharam o depoimento, Maurício Marinho afirmou que o valor de referência de cada carro comprado pelos Correios era de R$ 30.776, mas a empresa teria pago R$ 32.440 por veículo.
Por meio de sua assessoria de imprensa, a Fiat disse que Marinho é "mentiroso" e que a negociação com os Correios foi efetuada dentro das normais legais.
Ainda em seu depoimento, Marinho vinculou o ex-diretor de marketing dos Correios, José Otaviano Pereira, ao ex-ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo), hoje chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos).
Para Marinho, Otaviano foi o responsável pelo aditivo no contrato da estatal com três agências de publicidade: SMPB, de Marcos Valério de Souza; Giovanni e Link Bagg. O aditivo teria elevado o valor total do contrato de R$ 72 milhões para R$ 90 milhões.
"O Otaviano é o homem do Gushiken dentro do departamento de marketing", teria dito Marinho, segundo parlamentares. À CPI Gushiken confirmou que a Secom, que era chefiada por ele, indicou Otaviano para integrar a comissão de licitação dos Correios na área de publicidade.
Alguns integrantes da CPI não concordavam com o depoimento de Marinho nem ficaram presentes à sala. "Esse sujeito já depôs dez vezes na Polícia Federal e já depôs aqui também, não tem motivo para vir de novo", disse o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). Para os parlamentares, as denúncias não trazem nada de novo por virem de uma pessoa desacreditada.
Durante o depoimento, Marinho negou que tenha acusado o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em depoimento ao Ministério Público, de comandar um esquema de cobrança de propina nos Correios.
Antes do depoimento, Marinho entregou à CPI um dossiê com cerca de 300 páginas. "O dossiê é muito detalhado", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).


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