|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Marinho envolve Fiat em esquema
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Sem apresentar provas, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho disse ontem que a Fiat teria
pago R$ 1 mil por veículo vendido
à estatal, segundo parlamentares
que acompanharam o depoimento dado à CPI dos Correios.
No total, num dos contratos, os
Correios compraram 1.150 veículos, de 2002 a 2003, segundo teria
dito o ex-chefe, demitido por justa causa após ter sido flagrado recebendo propina de R$ 3 mil.
O depoimento foi fechado devido a acordo feito por Marinho
com o Ministério Público para
que o ex-diretor possa receber os
benefícios da delação premiada.
Segundo deputados e senadores
que acompanharam o depoimento, Maurício Marinho afirmou
que o valor de referência de cada
carro comprado pelos Correios
era de R$ 30.776, mas a empresa
teria pago R$ 32.440 por veículo.
Por meio de sua assessoria de
imprensa, a Fiat disse que Marinho é "mentiroso" e que a negociação com os Correios foi efetuada dentro das normais legais.
Ainda em seu depoimento, Marinho vinculou o ex-diretor de
marketing dos Correios, José Otaviano Pereira, ao ex-ministro Luiz
Gushiken (Comunicação de Governo), hoje chefe do NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos).
Para Marinho, Otaviano foi o
responsável pelo aditivo no contrato da estatal com três agências
de publicidade: SMPB, de Marcos
Valério de Souza; Giovanni e Link
Bagg. O aditivo teria elevado o valor total do contrato de R$ 72 milhões para R$ 90 milhões.
"O Otaviano é o homem do
Gushiken dentro do departamento de marketing", teria dito Marinho, segundo parlamentares. À
CPI Gushiken confirmou que a
Secom, que era chefiada por ele,
indicou Otaviano para integrar a
comissão de licitação dos Correios na área de publicidade.
Alguns integrantes da CPI não
concordavam com o depoimento
de Marinho nem ficaram presentes à sala. "Esse sujeito já depôs
dez vezes na Polícia Federal e já
depôs aqui também, não tem motivo para vir de novo", disse o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA). Para os parlamentares, as denúncias não trazem nada de novo por virem de
uma pessoa desacreditada.
Durante o depoimento, Marinho negou que tenha acusado o
deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), em depoimento ao
Ministério Público, de comandar
um esquema de cobrança de propina nos Correios.
Antes do depoimento, Marinho
entregou à CPI um dossiê com
cerca de 300 páginas. "O dossiê é
muito detalhado", disse o senador
Álvaro Dias (PSDB-PR).
Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/CPI dos Correios: PT impede a quebra de sigilo de corretoras ligadas a fundos Próximo Texto: Outro lado: Hipótese de fraude é refutada pelos Correios e pela Fiat Índice
|