São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2005

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HORA DAS CASSAÇÕES

Mabel diz que está sendo "triturado"

SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sandro Mabel (GO), afirmou ontem em depoimento ao Conselho de Ética ser vítima de uma acusação "leviana e irresponsável" feita pela deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO). O deputado criticou a mídia e disse estar sendo "triturado" em um processo sem provas.
Mabel enfrenta um processo no Conselho de Ética, apresentado pelo PTB, que poderá resultar na cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar.
"Não há defunto", afirmou, comparando seu caso ao de um acusado de homicídio, "sem provas nem cadáver".
Um dos argumentos da sua defesa é o fato de que o nome dele não aparece vinculado à lista de sacadores das contas do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de abastecer o caixa-dois do PT e de operar o suposto esquema do "mensalão".

Oferta
A principal acusação contra Mabel, que figura na lista de deputados apontados como supostos beneficiário do esquema do "mensalão", foi feita por Raquel Teixeira logo após as denúncias do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Segundo ela, Mabel lhe ofereceu R$ 1 milhão, para trocar o PSDB pelo PL, e mais R$ 30 mil mensais. Ele nega ter feito a oferta financeira, mas admite ter tratado de uma negociação para a troca de legenda.
No depoimento, Mabel classificou a denúncia como "mentirosa", "leviana" e "irresponsável", motivada, segundo ele, por pretensões da deputada, que queria desbancá-lo de uma eventual disputa pelo governo de Goiás nas eleições do próximo ano.
O líder do PL disse ainda que pretendia apresentar uma representação contra o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), que, segundo ele, teria quebrado o decoro parlamentar ao incluí-lo na lista de beneficiários do "mensalão". Disse, porém, ter sido demovido da idéia pela direção do partido. Antes do envio dos nomes pela CPI, Mabel chegou a chorar e pedir "piedade" durante uma sessão da comissão.
O deputado também criticou a mídia, dizendo que "se na época da Inquisição se queimava nas fogueiras, hoje se queima nas câmeras de TV". "Infelizmente só sai notícia que dê manchete. Eu sou manchete, sou o mentiroso, o pagador do mensalão. São 90 dias de trituramento pessoal."


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