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CONFLITO
Líderes dos guajajaras pretendem capturar quatro suspeitos de assassinato de comerciante e vendedor
Índios ameaçam invadir aldeia no MA
JAIRO MARQUES
da Agência Folha
Cerca de cem índios guajajaras
devem invadir hoje a aldeia Cabeça da Onça, que fica na reserva
Cana Brava (MA). Eles pretendem capturar os quatro índios
suspeitos de ter linchado e assassinado um comerciante e um vendedor na BR-226, entre os municípios de Grajaú e Barra do Corda.
A decisão de invadir a aldeia foi
tomada em uma reunião que contou com a presença de 48 líderes
de várias aldeias da reserva Cana
Brava. "Nós (os guajajaras) não
somos marginais. Vamos capturar esses irresponsáveis que estão
manchando o nosso nome. Eles
precisam ser entregues à Justiça",
disse o chefe da aldeia Cachoeirinha, José Alberico Guajajara, 39.
Na terça-feira, índios da aldeia
Cabeça da Onça (520 km de São
Luís) assassinaram a tiros e facadas o comerciante Magno Augusto Araújo, 30, e o vendedor Geova
Alves Palma, 36. A administração
da Funai em São Luís, responsável pela área, afirma que os índios
ficaram revoltados com o atropelamento de Moisés Guajajara, 30.
Segundo a polícia, eles fizeram
uma tocaia na rodovia para matar
os primeiros que passassem por
ali, como vingança. Existe também a possibilidade de o índio
não ter sido atropelado, e sim
morto a tiros. A Polícia Civil de
Barra do Corda (460 km de São
Luís) informou que ainda não
tem oficialmente os laudos das
mortes e pediu uma nova perícia
nos corpos das três vítimas.
O delegado Francelino de Jesus
Lima disse ter certeza de que os
índios da aldeia Cabeça da Onça
estão armados e vai pedir à Justiça
Federal, já que a área pertence à
União, um mandado para poder
fazer uma vistoria no local.
Os líderes indígenas reclamam
da lentidão da Funai (Fundação
Nacional do Índio) em tomar
uma atitude em relação ao caso.
A assessoria de comunicação do
órgão informou que uma equipe
com três pessoas (dois advogados
e um administrador regional) foram mandados para o local.
Os guajajaras estão com medo
de retaliações por parte da população de Barra do Corda, que está
revoltada com os assassinatos. "Nosso filhos estão sendo descriminados na escola, e alguns estão sendo vistos com maus olhos
nos hospitais e nas ruas. Se alguma coisa acontecer com um dos
nossos, vai haver guerra", disse
José Alberico Guajajara.
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