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Ex-sem-terra inauguram supermercado
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
A inauguração nesta semana
de um supermercado de 600
metros quadrados no centro de
Charqueadas (RS) chamou a
atenção não só pela presença do
governador do Rio Grande do
Sul, Olívio Dutra (PT), mas
também pela pintura da bandeira do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra) na fachada do prédio.
O estabelecimento, que comercializa cerca de 3.500 itens,
entre os quais frutas, cereais e
hortigranjeiros originários de
produção própria, pertence a
famílias de ex-sem-terra, assentadas desde 1990 em Charqueadas (região metropolitana de
Porto Alegre).
Prédio próprio
O supermercado Copac funciona em prédio próprio e foi
construído pelos assentados,
que investiram cerca de R$ 150
mil no empreendimento.
A maior parte dos recursos
(60%) veio do Procera (Programa de Crédito Especial para a
Reforma Agrária), um programa de crédito do governo federal voltado para os beneficiários
da reforma agrária.
O responsável pelo supermercado, Ladimir Trombeta, 40,
disse que a loja iniciou sua operação comercializando arroz,
feijão, milho, mel, conservas,
geléias, frutas e hortigranjeiros,
produzidos por aproximadamente 30 famílias no Assentamento 30 de Maio.
Trombeta disse que o supermercado espera conquistar os
consumidores oferecendo preços menores, o que seria possível com a ausência de intermediários.
Como exemplo, disse que o
quilo arroz do tipo 1, produzido,
classificado e embalado pelos
próprios assentados, chega às
prateleiras por R$ 0,56, contra
R$ 0,73 cobrado em outros estabelecimentos.
Os assentados têm em andamento um projeto para a instalação de um abatedouro municipal, o que permitiria também
a venda de carne no supermercado.
Dentro de dois meses, 18 pessoas, todas do assentamento,
devem estar trabalhando no local, que começou a funcionar
com empregados contratados
temporariamente.
"Favores aos governantes"
Olívio Dutra, que esteve na
inauguração acompanhado do
superintendente regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária),
Paulo Emílio Barbosa, entre outras autoridades, disse que o negócio é uma demonstração de
que os empreendedores "não
precisam pedir favores aos governantes".
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