São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE
Governador, que passa por cirurgia para desobstruir coronária hoje, diz que não concorrerá mais a cargos públicos
Antes de se internar, Covas recebe FHC

SANDRA BRASIL
CHICO DE GOIS

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Mário Covas, anunciou ontem que deixará de concorrer a cargos públicos quando concluir os dois anos que lhe restam de mandato. Ele descartou em definitivo a possibilidade de ser candidato do PSDB à sucessão presidencial.
"Eu não tenho mais trajetória política. A minha trajetória são os dois anos que faltam", disse o governador na noite de ontem momentos antes de se internar no Incor (Instituto do Coração).
Questionado sobre o fato de o seu nome ser considerado o melhor do PSDB para disputar a Presidência em 2002, Covas respondeu: "Não posso colocar o país no risco de ter um candidato que num momento qualquer pode ter um problema da seriedade que tenho. Não tenho esse direito".
O governador disse ainda que vai continuar fazendo política "no partido, nas escolas e onde tiver de ser feita".
Na manhã de hoje, Covas deverá se submeter a angioplastia para desobstruir uma artéria coronária do coração. Os médicos pretendem colocar uma prótese em forma de tubo (stent) na artéria para mantê-la aberta.
A angioplastia antecede a cirurgia para a retirada de um tumor maligno localizado entre a bexiga e o reto. Segundo Covas, a cirurgia está prevista para acontecer no próximo dia 6 de novembro.
Aficionado por política, futebol e automobilismo, Covas atrasou sua internação para votar em Marta Suplicy para a Prefeitura de São Paulo e assistir à prova final do campeonato da Indy pela TV.
No início da tarde de ontem, Covas recebeu a visita do presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio dos Bandeirantes. O presidente chegou a mudar sua agenda para encontrar-se com Covas. FHC votou às 11h55 e seguiu para o Palácio dos Bandeirantes, onde esperou Covas chegar de Bertioga, litoral norte de São Paulo.
"Ele (FHC) veio, como aliás veio em outras ocasiões, trazer a sua palavra amiga. É um companheiro antigo e, portanto, é sempre gratificante para a gente num instante como este", disse Covas.
Após a reunião com FHC, Covas foi calorosamente recebido por correligionários e populares na Faculdades Metropolitanas Unidas, na zona sul da capital, onde votou às 14h28.
"Fico emocionado. Tudo isso torna vencível a etapa (câncer), porque a gente depende muito, primeiro do próprio entusiasmo, mas, sobretudo, da torcida e das orações dos outros. Deu para sentir isso quando estava no hospital (em 98, se submeteu a uma cirurgia para tirar um câncer da bexiga). Essa solidariedade atravessava a parede e chegava ao quarto. Vou carregar isso a vida inteira." Ao deixar o local de votação, comendo pipoca, Covas distribuiu abraços e foi almoçar na churrascaria Rubaiyat, no Itaim. O governador comeu peito de frango e banana à milanesa, acompanhado de batata palha. E encerrou com uma taça de sorvete de amêndoas espanholas. "Não tenho nenhuma restrição alimentar", afirmou.
Durante o almoço, Covas falou sobre futebol e ouviu as histórias de viagem contadas por sua mulher, Lila, e pelo ministro da Saúde, José Serra. "Ele tem um amor à vida impressionante", disse o vice-governador Geraldo Alckmin.
Covas reafirmou que não pretende se licenciar do cargo. Ele disse que deverá deixar o Incor dentro um ou dois dias.


Colaborou FELIPE PATURY, da Reportagem Local

Texto Anterior: Caso TRT: Ex-juiz Nicolau foi visto fazendo compras em Milão
Próximo Texto: Crise no Amapá: Depoimento à CPI incrimina deputados
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.