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SAÚDE
Governador, que passa por cirurgia para desobstruir coronária hoje, diz que não concorrerá mais a cargos públicos
Antes de se internar, Covas recebe FHC
SANDRA BRASIL
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo, Mário Covas, anunciou ontem que
deixará de concorrer a cargos públicos quando concluir os dois
anos que lhe restam de mandato.
Ele descartou em definitivo a possibilidade de ser candidato do
PSDB à sucessão presidencial.
"Eu não tenho mais trajetória
política. A minha trajetória são os
dois anos que faltam", disse o governador na noite de ontem momentos antes de se internar no Incor (Instituto do Coração).
Questionado sobre o fato de o
seu nome ser considerado o melhor do PSDB para disputar a Presidência em 2002, Covas respondeu: "Não posso colocar o país no
risco de ter um candidato que
num momento qualquer pode ter
um problema da seriedade que tenho. Não tenho esse direito".
O governador disse ainda que
vai continuar fazendo política "no
partido, nas escolas e onde tiver
de ser feita".
Na manhã de hoje, Covas deverá se submeter a angioplastia para
desobstruir uma artéria coronária
do coração. Os médicos pretendem colocar uma prótese em forma de tubo (stent) na artéria para
mantê-la aberta.
A angioplastia antecede a cirurgia para a retirada de um tumor
maligno localizado entre a bexiga
e o reto. Segundo Covas, a cirurgia está prevista para acontecer no
próximo dia 6 de novembro.
Aficionado por política, futebol
e automobilismo, Covas atrasou
sua internação para votar em
Marta Suplicy para a Prefeitura de
São Paulo e assistir à prova final
do campeonato da Indy pela TV.
No início da tarde de ontem,
Covas recebeu a visita do presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio dos Bandeirantes.
O presidente chegou a mudar sua
agenda para encontrar-se com
Covas. FHC votou às 11h55 e seguiu para o Palácio dos Bandeirantes, onde esperou Covas chegar de Bertioga, litoral norte de
São Paulo.
"Ele (FHC) veio, como aliás veio
em outras ocasiões, trazer a sua
palavra amiga. É um companheiro antigo e, portanto, é sempre
gratificante para a gente num instante como este", disse Covas.
Após a reunião com FHC, Covas foi calorosamente recebido
por correligionários e populares
na Faculdades Metropolitanas
Unidas, na zona sul da capital, onde votou às 14h28.
"Fico emocionado. Tudo isso
torna vencível a etapa (câncer),
porque a gente depende muito,
primeiro do próprio entusiasmo,
mas, sobretudo, da torcida e das
orações dos outros. Deu para sentir isso quando estava no hospital
(em 98, se submeteu a uma cirurgia para tirar um câncer da bexiga). Essa solidariedade atravessava a parede e chegava ao quarto.
Vou carregar isso a vida inteira."
Ao deixar o local de votação, comendo pipoca, Covas distribuiu
abraços e foi almoçar na churrascaria Rubaiyat, no Itaim. O governador comeu peito de frango e
banana à milanesa, acompanhado de batata palha. E encerrou
com uma taça de sorvete de
amêndoas espanholas. "Não tenho nenhuma restrição alimentar", afirmou.
Durante o almoço, Covas falou
sobre futebol e ouviu as histórias
de viagem contadas por sua mulher, Lila, e pelo ministro da Saúde, José Serra. "Ele tem um amor
à vida impressionante", disse o vice-governador Geraldo Alckmin.
Covas reafirmou que não pretende se licenciar do cargo. Ele
disse que deverá deixar o Incor
dentro um ou dois dias.
Colaborou FELIPE PATURY, da Reportagem Local
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