|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RECIFE
Cidade viveu "guerra" entre militantes dos dois candidatos durante todo o dia de ontem; diferença de petista sobre Roberto Magalhães é de menos de 1% do total de votos válidos
João Paulo vence em disputa apertada
KENNEDY ALENCAR
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O segundo turno em Recife decidiu-se no olho mecânico. O deputado estadual João Paulo (PT),
47, derrotou o adversário, Roberto Magalhães (PFL), 67, na disputa pela prefeitura da cidade.
Com todas as urnas apuradas,
João Paulo teve 50,38% dos votos
válidos. Magalhães, 49,62%. Petistas comemoravam nas ruas. A cidade foi tomada pelo buzinaço
dos vencedores. O pefelista admitiu a derrota, dizendo que "perder
uma batalha é próprio de todo
guerreiro".
Além da disputa urna a urna, os
cabos eleitorais do PFL e do PT só
não entraram em guerra nas ruas
da capital pernambucana devido
à intervenção do Exército, convocado para substituir policiais militares que estão em greve há 12
dias. Há 3.000 militares em Recife
para garantir a segurança.
O tom de beligerância foi dado
logo cedo pelos dois candidatos.
"A guerra está estabelecida", disse
João Paulo, às 8h40, ao convocar a
militância a fazer boca-de-urna.
"Agora, é ir à luta nas ruas", afirmou Magalhães, ao chegar ao seu
comitê, às 9h30.
Segundo o comitê de mobilização do PT, 20 mil militantes inscritos receberam a adesão de outros 20 mil manifestantes espontâneos para fazer boca-de-urna.
De acordo com o PFL, havia 100
mil cabos eleitorais a seu favor.
Os números não puderam ser
aferidos com precisão, mas as
principais avenidas e ruas da cidade passaram o dia tomadas por
partidários de ambos os lados.
No Colégio São Luís, às 11h30,
foi preciso que seguranças do prefeito Magalhães fizessem um cordão de isolamento, com ajuda de
militares, para que o candidato
entrasse de carro no local de votação. Em frente à escola, cerca de
cem manifestantes do PT trocavam insultos com um grupo de
pefelistas do mesmo tamanho.
"Pistoleiro, pistoleiro" e "Roberto Lampião", diziam os petistas, referindo-se a um episódio no
qual o prefeito foi armado a um
jornal tirar satisfações com um
colunista social. "Baderneiros, arruaceiros, bagunceiros, despreparados", respondia a claque de Magalhães, repetindo bordões usados contra os petistas pela propaganda eleitoral de Magalhães.
Enquanto o carro do prefeito
saía escoltado por um caminhão
blindado do Exército, houve troca
de empurrões e xingamentos aos
berros entre os apoiadores dos
dois candidatos. Os soldados com
fuzis e cassetetes afastaram os
manifestantes para cerca de cem
metros da escola, onde o confronto continuou por meia hora.
"Deram um pontapé em um
companheiro e nos chamaram
para a briga", disse o petista Túlio
Figueiredo Peixoto, 18, estudante
de direito. "Nós não provocamos,
eles é que vieram aqui, onde o dr.
Roberto vota, para fazer arruaça",
rebateu Isabel Cristine Estevão,
21, estudante de segundo grau.
No local de votação do candidato petista, não houve enfrentamento, mas ocorreu uma tumultuada invasão da seção eleitoral
por cerca de 200 militantes que
acompanhavam João Paulo aos
gritos.
"Recife quer, Olinda clama,
João Paulo e Luciana", berravam
eles, em alusão ao fato de dois
candidatos de esquerda estarem
disputando o segundo turno em
duas cidades da região metropolitana -em Olinda, Luciana Santos (PC do B) venceu Jacilda Urquisa (PMDB).
Na saída, a mando do juiz eleitoral Fernando Cerqueira, soldados do Exército tomaram três
bandeiras do PT. "Boca-de-urna
em local de votação é proibida. Isso não vai acontecer mais", afirmou o juiz, dando uma ordem
que acabaria sendo quebrada durante todo o dia.
Texto Anterior: Macéio: PSB consegue 3º mandato seguido Próximo Texto: Petista anuncia visita a PMs em greve Índice
|