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RIO DE JANEIRO
Mau desempenho em debates, clima de insegurança na cidade, boatos de
violência e diferenças de qualidade no programa de TV ajudaram na inversão de última hora
Cesar Maia vira no final e vence Conde
DA SUCURSAL DO RIO
Com uma virada surpreendente nos últimos dias de campanha,
Cesar Maia (PTB), 55, elegeu-se
prefeito do Rio de Janeiro ao derrotar o candidato à reeleição, Luiz
Paulo Conde (PFL), 66.
Foi um triunfo apertado, por
apenas 66.849 votos, o equivalente a 2,12 pontos percentuais do total de válidos. Maia recebeu
51,06% dos votos válidos contra
48,94% de Conde. Houve 80.858
votos brancos (2,34% do total) e
214.119 nulos (6,21% do total). A
abstenção foi de 18,65%. O petebista ganhou na zona sul, região
nobre da cidade, e o pefelista na
zona oeste, área mais popular.
A reviravolta foi alimentada pelo mau desempenho de Conde
nos dois últimos debates (segunda-feira na rádio CBN e sexta na
TV Globo), pelo clima de insegurança na cidade reforçado por
boatos de quebra-quebra na Tijuca (quinta) e pela qualidade do
programa de Maia na televisão.
A vitória de Cesar Maia fortalece o presidenciável Ciro Gomes,
cujo partido, o PPS, o apoiou desde o primeiro turno no Rio.
Com a eleição, Maia -que já foi
do PDT, do PMDB, do PFL e agora está no PTB- reforça a pressão interna no PTB para o partido
aderir à candidatura de Ciro à
Presidência em 2002.
Há vários sócios na derrota de
Conde: ele mesmo, a cúpula nacional do seu partido, o governador Anthony Garotinho (PDT) e
o presidente da Assembléia, Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Depois de não se manifestar no
primeiro turno, quando sua vice,
Benedita da Silva (PT), e o presidente do seu partido, Leonel Brizola, concorreram, Garotinho entrou na campanha de Conde.
Apareceu nos programas de
TV, participou de comícios,
orientou seus secretários e aliados
para combater Maia. Nos últimos
dias, porém, na medida que o petebista insinuava que Conde era
marionete de Garotinho, o governador sumiu do horário gratuito
na TV.
Com a vitória, Maia voltará à
Prefeitura do Rio, comandada
por ele de 1993 a 1996, quando
conseguiu eleger o seu então secretário Conde para a sucessão.
Os dois romperam após a eleição
para governador de 1998, quando
Maia foi batido por Garotinho. A
cúpula do PFL preferiu ficar com
Conde.
A pequena diferença entre os
dois candidatos no segundo turno não repetiu a do primeiro,
quando Conde venceu com
34,7% dos votos válidos. Maia foi
o segundo, com 23,0%, apenas
13.439 votos à frente da petista Benedita da Silva.
Com programas sem contrastes
substanciais, Conde e Maia se diferenciaram mais pelos estilos e
por acusações que trocaram no
segundo turno.
O prefeito chamou o ex-padrinho político de mentiroso, arrogante e desagregador.
O ex-prefeito tentou marcar o
ex-afilhado como fantoche e subserviente ao governador.
No último debate, na noite de
sexta-feira, na TV Globo, Maia
criticou a política de segurança do
governo estadual e perguntou a
Conde sua opinião a respeito. O
prefeito listou realizações do seu
mandato, mas não respondeu à
pergunta do adversário.
A vantagem do prefeito, que no
dia 6 de outubro era de 19 pontos
percentuais (51% a 32% do total
da intenção de votos), segundo o
Datafolha, foi caindo.
No dia 11, foi para 16 pontos. No
dia 18, chegou a 11 pontos. A diferença oscilou para 12 pontos (49%
a 37%) na terça-feira passada.
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