São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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RIO DE JANEIRO
Mau desempenho em debates, clima de insegurança na cidade, boatos de violência e diferenças de qualidade no programa de TV ajudaram na inversão de última hora
Cesar Maia vira no final e vence Conde

DA SUCURSAL DO RIO

Com uma virada surpreendente nos últimos dias de campanha, Cesar Maia (PTB), 55, elegeu-se prefeito do Rio de Janeiro ao derrotar o candidato à reeleição, Luiz Paulo Conde (PFL), 66.
Foi um triunfo apertado, por apenas 66.849 votos, o equivalente a 2,12 pontos percentuais do total de válidos. Maia recebeu 51,06% dos votos válidos contra 48,94% de Conde. Houve 80.858 votos brancos (2,34% do total) e 214.119 nulos (6,21% do total). A abstenção foi de 18,65%. O petebista ganhou na zona sul, região nobre da cidade, e o pefelista na zona oeste, área mais popular.
A reviravolta foi alimentada pelo mau desempenho de Conde nos dois últimos debates (segunda-feira na rádio CBN e sexta na TV Globo), pelo clima de insegurança na cidade reforçado por boatos de quebra-quebra na Tijuca (quinta) e pela qualidade do programa de Maia na televisão.
A vitória de Cesar Maia fortalece o presidenciável Ciro Gomes, cujo partido, o PPS, o apoiou desde o primeiro turno no Rio.
Com a eleição, Maia -que já foi do PDT, do PMDB, do PFL e agora está no PTB- reforça a pressão interna no PTB para o partido aderir à candidatura de Ciro à Presidência em 2002.
Há vários sócios na derrota de Conde: ele mesmo, a cúpula nacional do seu partido, o governador Anthony Garotinho (PDT) e o presidente da Assembléia, Sérgio Cabral Filho (PMDB).
Depois de não se manifestar no primeiro turno, quando sua vice, Benedita da Silva (PT), e o presidente do seu partido, Leonel Brizola, concorreram, Garotinho entrou na campanha de Conde.
Apareceu nos programas de TV, participou de comícios, orientou seus secretários e aliados para combater Maia. Nos últimos dias, porém, na medida que o petebista insinuava que Conde era marionete de Garotinho, o governador sumiu do horário gratuito na TV.
Com a vitória, Maia voltará à Prefeitura do Rio, comandada por ele de 1993 a 1996, quando conseguiu eleger o seu então secretário Conde para a sucessão. Os dois romperam após a eleição para governador de 1998, quando Maia foi batido por Garotinho. A cúpula do PFL preferiu ficar com Conde.
A pequena diferença entre os dois candidatos no segundo turno não repetiu a do primeiro, quando Conde venceu com 34,7% dos votos válidos. Maia foi o segundo, com 23,0%, apenas 13.439 votos à frente da petista Benedita da Silva.
Com programas sem contrastes substanciais, Conde e Maia se diferenciaram mais pelos estilos e por acusações que trocaram no segundo turno.
O prefeito chamou o ex-padrinho político de mentiroso, arrogante e desagregador.
O ex-prefeito tentou marcar o ex-afilhado como fantoche e subserviente ao governador.
No último debate, na noite de sexta-feira, na TV Globo, Maia criticou a política de segurança do governo estadual e perguntou a Conde sua opinião a respeito. O prefeito listou realizações do seu mandato, mas não respondeu à pergunta do adversário.
A vantagem do prefeito, que no dia 6 de outubro era de 19 pontos percentuais (51% a 32% do total da intenção de votos), segundo o Datafolha, foi caindo.
No dia 11, foi para 16 pontos. No dia 18, chegou a 11 pontos. A diferença oscilou para 12 pontos (49% a 37%) na terça-feira passada.


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