São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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PORTO ALEGRE
Petista vence com 63,51% dos votos válidos, contra 36,49% de pedetista; Collares diz que sua "tarefa", de mostrar ao PT que ele não é "hegemônico", foi cumprida
Com Genro, PT parte para quarto mandato

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O candidato do PT, Tarso Genro, 53, elegeu-se ontem prefeito de Porto Alegre, com 63,51% dos votos válidos contra 36,49% de Alceu Collares (PDT). A diferença final entre os dois candidatos foi de 209,2 mil votos.
Será o segundo mandato de Tarso, que foi prefeito de 93 a 96, na série de quatro gestões petistas consecutivas na capital gaúcha.
Tarso esperou o resultado da boca-de-urna -que lhe deu 66,5% contra 33,5% de Collares- na Restinga, um bairro da periferia. "O perfil da nossa administração nos levará primeiro às vilas e bairros e depois ao centro". Ele prometeu, como prioridade, combater a miséria absoluta.
Collares, 73, já reconheceu a derrota a partir do resultado da boca-de-urna. "O povo decidiu e cabe ao candidato derrotado curvar-se à vontade do povo. Eles (do PT) têm que dar ao povo das vilas aquilo que prometeram."
Tarso votou acompanhado do governador Olívio Dutra (PT) na escola Santos Dumont, na zona sul da cidade, às 8h25. Confiante, fez o "v" de vitória.
O petista disse ter levado "uma lição de política do povo de Porto Alegre", ao ser obrigado a disputar o segundo turno (no primeiro ele teve 48,72% dos votos). "A população, sabiamente, quis saber a seriedade e a profundidade dos programas dos candidatos."
Referindo-se ao projeto nacional do PT, afirmou que o "fim último" do partido "é mudar o país", alcançando a "utopia" de constituir uma sociedade em que "a pobreza seja erradicada e as pessoas tenham direitos iguais, emprego e renda".
Tarso criticou a campanha empreendida por seu oponente. "Ele apenas se preocupou em ser o anti, ser o contra. Quem faz uma frente anti tem uma perspectiva vazia do futuro."
Collares chegou por volta das 8h ao comitê central de sua campanha, onde concedeu entrevista. Ele criticou as pesquisas, que o colocavam em desvantagem. "As pesquisas têm demonstrado que não são científicas e, às vezes, são manipuladas", afirmou.
De acordo com ele, a Frente Ampla, que o sustentou no segundo turno, "cumpriu uma tarefa histórica e educativa, no sentido de mostrar ao PT que ele não é o único partido nem é hegemônico e precisa assumir a concepção de partido pluralista, descendo do alto de sua vaidade e intolerância".
O pedetista afirmou que o PT vive em uma dualidade, querendo o poder pelo voto, institucionalmente, e pelo caminho revolucionário, por meio do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). "Ou é um partido para conviver na democracia ou é um movimento que quer chegar ao poder pela força."
Collares, que votou às 12h40 na escola Leopoldo Tietbohl, também criticou o grupo de políticos que deixou o PDT para apoiar seu adversário. "A mágoa é um direito da criatura humana. A traição dói sempre na alma da pessoa. Eles são todos traidores, porque só vieram à tona na política quando eu fui prefeito e governador".
Os dois candidatos se encontraram duas vezes ontem e trocaram rápido cumprimento.



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