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PORTO ALEGRE
Petista vence com 63,51% dos votos válidos, contra 36,49% de pedetista; Collares diz que sua "tarefa", de mostrar ao PT que ele não é "hegemônico", foi cumprida
Com Genro, PT parte para quarto mandato
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
O candidato do PT, Tarso Genro, 53, elegeu-se ontem prefeito de
Porto Alegre, com 63,51% dos votos válidos contra 36,49% de Alceu Collares (PDT). A diferença
final entre os dois candidatos foi
de 209,2 mil votos.
Será o segundo mandato de
Tarso, que foi prefeito de 93 a 96,
na série de quatro gestões petistas
consecutivas na capital gaúcha.
Tarso esperou o resultado da
boca-de-urna -que lhe deu
66,5% contra 33,5% de Collares-
na Restinga, um bairro da periferia. "O perfil da nossa administração nos levará primeiro às vilas e
bairros e depois ao centro". Ele
prometeu, como prioridade,
combater a miséria absoluta.
Collares, 73, já reconheceu a
derrota a partir do resultado da
boca-de-urna. "O povo decidiu e
cabe ao candidato derrotado curvar-se à vontade do povo. Eles (do
PT) têm que dar ao povo das vilas
aquilo que prometeram."
Tarso votou acompanhado do
governador Olívio Dutra (PT) na
escola Santos Dumont, na zona
sul da cidade, às 8h25. Confiante,
fez o "v" de vitória.
O petista disse ter levado "uma
lição de política do povo de Porto
Alegre", ao ser obrigado a disputar o segundo turno (no primeiro
ele teve 48,72% dos votos). "A população, sabiamente, quis saber a
seriedade e a profundidade dos
programas dos candidatos."
Referindo-se ao projeto nacional do PT, afirmou que o "fim último" do partido "é mudar o
país", alcançando a "utopia" de
constituir uma sociedade em que
"a pobreza seja erradicada e as
pessoas tenham direitos iguais,
emprego e renda".
Tarso criticou a campanha empreendida por seu oponente. "Ele
apenas se preocupou em ser o anti, ser o contra. Quem faz uma
frente anti tem uma perspectiva
vazia do futuro."
Collares chegou por volta das 8h
ao comitê central de sua campanha, onde concedeu entrevista.
Ele criticou as pesquisas, que o colocavam em desvantagem. "As
pesquisas têm demonstrado que
não são científicas e, às vezes, são
manipuladas", afirmou.
De acordo com ele, a Frente
Ampla, que o sustentou no segundo turno, "cumpriu uma tarefa
histórica e educativa, no sentido
de mostrar ao PT que ele não é o
único partido nem é hegemônico
e precisa assumir a concepção de
partido pluralista, descendo do alto de sua vaidade e intolerância".
O pedetista afirmou que o PT
vive em uma dualidade, querendo
o poder pelo voto, institucionalmente, e pelo caminho revolucionário, por meio do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra). "Ou é um partido para conviver na democracia ou é
um movimento que quer chegar
ao poder pela força."
Collares, que votou às 12h40 na
escola Leopoldo Tietbohl, também criticou o grupo de políticos
que deixou o PDT para apoiar seu
adversário. "A mágoa é um direito da criatura humana. A traição
dói sempre na alma da pessoa.
Eles são todos traidores, porque
só vieram à tona na política quando eu fui prefeito e governador".
Os dois candidatos se encontraram duas vezes ontem e trocaram
rápido cumprimento.
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