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BALANÇO
"Não podemos contrariar a matemática: nós perdemos", declarou o pefelista, que criticou o apoio tucano ao PT em São Paulo, dizendo que não se deve dar fermento a adversário
PT ganhou, nós perdemos, declara líder pefelista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador Jorge Bornhausen
(PFL-SC), presidente nacional pefelista, disse ontem à noite que o
PT foi o vencedor das eleições
municipais: "O PT ganhou a eleição. Não podemos contrariar a
matemática. Nós perdemos".
Apesar da derrota, Bornhausen
acha que o PFL conseguiu sair como um partido "vertebrado". Segundo ele, sua sigla se manteve
coerente. "Os outros dançam
muito", disse o senador.
Sobre seu apoio a Paulo Maluf
na reta final da eleição paulistana,
Bornhausen alega ter feito uma
opção pragmática: "Alguém tinha
de deixar uma porta aberta para o
PPB". O PSDB errou ao apoiar o
PT em São Paulo? "Você não deve
dar uma injeção de fermento em
adversário", responde o pefelista.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Jorge Bornhausen:
(FERNANDO RODRIGUES)
Folha - Qual balanço o sr. faz destas eleições para o PFL?
Jorge Bornhausen - Elegemos
1.026 prefeitos. Mais de 10 mil vereadores. Aumentamos nosso
percentual de votos em várias capitais. Mas o PT também foi bem.
O PT ganhou a eleição. Não podemos contrariar a matemática. Nós
perdemos.
Folha - Por que o PFL perdeu em
cidades importantes como Rio e
Recife?
Bornhausen - Quem está nos locais é que fará a avaliação agora. O
partido terá de examinar as razões. Mas é importante notar que
foram eleições muito renhidas.
Ganhamos por uma margem pequena em Curitiba. E perdemos
por pouco no Rio e em Recife.
Folha - Haverá consequências nacionais para o PFL dessas derrotas?
Bornhausen - Não vejo nenhuma consequência prática. O que
temos de fazer agora é analisar o
que aconteceu. Tirar uma lição
disso. Pensar em 2002. E fiscalizar
os que venceram. Acho também
que o saldo é o que o vice-presidente Marco Maciel disse: o PFL e
o PT saíram como os dois partidos vertebrados desta eleição.
Folha - Por quê?
Bornhausen - Porque são os dois
partidos que tiveram uma postura mais coerente. Os outros dançam muito.
Folha - Na reta final da campanha
o sr. protagonizou um episódio polêmico, dando apoio ao candidato
Paulo Maluf em São Paulo. Por que
o sr. tomou essa decisão?
Bornhausen - Em primeiro lugar,
note bem como foi a minha frase.
Eu disse: "Entre o PT e o PPB eu
fico sempre com o PPB". Não estou aqui querendo escamotear
nada. Mas há uma diferença entre
dar apoio ao PPB e dá-lo diretamente a Paulo Maluf.
Folha - Ainda assim, seu partido
havia decidido pela neutralidade
em São Paulo...
Bornhausen - Ninguém deve
imaginar que eu tenha feito o que
fiz sem antes falar com o presidente do PFL em São Paulo, Cláudio Lembo, e com o nosso candidato a prefeito, Romeu Tuma.
Ambos foram consultados antes.
Folha - Mas então qual foi o objetivo real da sua atitude?
Bornhausen - Alguém tinha de
deixar uma porta aberta para o
PPB. Todas as outras forças políticas se reuniram em torno do PT.
Nós temos uma eleição presidencial mais adiante. Temos de procurar manter na aliança todos os
partidos que hoje dela participam, inclusive o PPB.
Folha - Mas não é certo que a
aliança sobreviva. Ou é?
Bornhausen - Por isso mesmo.
Se a aliança não for mantida, alguns terão de se compor. E uma
coisa é certa: o PFL não vai se
compor com o PT. Nesse sentido
é que declarei apoio ao PPB em
São Paulo. Não se pode colocar tapete vermelho para quem é adversário de hoje e de amanhã. Tem de
colocar tapete que escorrega.
Folha - O sr. está dizendo que o
PSDB e outras forças políticas de
São Paulo erraram ao declarar
apoio explícito a Marta Suplicy?
Bornhausen - Estou apenas dizendo que o PSDB apoiou quem
vai ficar contra ele mais adiante,
seja na eleição para o governo
paulista ou para a Presidência. E
você não deve dar uma injeção de
fermento em adversário.
Folha - Como estão as negociações para a escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado,
em fevereiro do ano que vem?
Bornhausen - Não está nada decidido. Agora é que vamos ver.
Folha - Qual o peso da decisão de
Antonio Carlos Magalhães vetar
publicamente o nome de Jader Barbalho para a presidir o Senado?
Bornhausen - Ele tem influência.
Mas temos de ouvir a bancada.
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