São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2000

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BALANÇO
"Não podemos contrariar a matemática: nós perdemos", declarou o pefelista, que criticou o apoio tucano ao PT em São Paulo, dizendo que não se deve dar fermento a adversário
PT ganhou, nós perdemos, declara líder pefelista

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), presidente nacional pefelista, disse ontem à noite que o PT foi o vencedor das eleições municipais: "O PT ganhou a eleição. Não podemos contrariar a matemática. Nós perdemos".
Apesar da derrota, Bornhausen acha que o PFL conseguiu sair como um partido "vertebrado". Segundo ele, sua sigla se manteve coerente. "Os outros dançam muito", disse o senador.
Sobre seu apoio a Paulo Maluf na reta final da eleição paulistana, Bornhausen alega ter feito uma opção pragmática: "Alguém tinha de deixar uma porta aberta para o PPB". O PSDB errou ao apoiar o PT em São Paulo? "Você não deve dar uma injeção de fermento em adversário", responde o pefelista.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Jorge Bornhausen: (FERNANDO RODRIGUES)

Folha - Qual balanço o sr. faz destas eleições para o PFL?
Jorge Bornhausen -
Elegemos 1.026 prefeitos. Mais de 10 mil vereadores. Aumentamos nosso percentual de votos em várias capitais. Mas o PT também foi bem. O PT ganhou a eleição. Não podemos contrariar a matemática. Nós perdemos.

Folha - Por que o PFL perdeu em cidades importantes como Rio e Recife?
Bornhausen -
Quem está nos locais é que fará a avaliação agora. O partido terá de examinar as razões. Mas é importante notar que foram eleições muito renhidas. Ganhamos por uma margem pequena em Curitiba. E perdemos por pouco no Rio e em Recife.

Folha - Haverá consequências nacionais para o PFL dessas derrotas?
Bornhausen -
Não vejo nenhuma consequência prática. O que temos de fazer agora é analisar o que aconteceu. Tirar uma lição disso. Pensar em 2002. E fiscalizar os que venceram. Acho também que o saldo é o que o vice-presidente Marco Maciel disse: o PFL e o PT saíram como os dois partidos vertebrados desta eleição.

Folha - Por quê? Bornhausen - Porque são os dois partidos que tiveram uma postura mais coerente. Os outros dançam muito.

Folha - Na reta final da campanha o sr. protagonizou um episódio polêmico, dando apoio ao candidato Paulo Maluf em São Paulo. Por que o sr. tomou essa decisão?
Bornhausen -
Em primeiro lugar, note bem como foi a minha frase. Eu disse: "Entre o PT e o PPB eu fico sempre com o PPB". Não estou aqui querendo escamotear nada. Mas há uma diferença entre dar apoio ao PPB e dá-lo diretamente a Paulo Maluf.

Folha - Ainda assim, seu partido havia decidido pela neutralidade em São Paulo...
Bornhausen -
Ninguém deve imaginar que eu tenha feito o que fiz sem antes falar com o presidente do PFL em São Paulo, Cláudio Lembo, e com o nosso candidato a prefeito, Romeu Tuma. Ambos foram consultados antes.

Folha - Mas então qual foi o objetivo real da sua atitude?
Bornhausen -
Alguém tinha de deixar uma porta aberta para o PPB. Todas as outras forças políticas se reuniram em torno do PT. Nós temos uma eleição presidencial mais adiante. Temos de procurar manter na aliança todos os partidos que hoje dela participam, inclusive o PPB.

Folha - Mas não é certo que a aliança sobreviva. Ou é?
Bornhausen -
Por isso mesmo. Se a aliança não for mantida, alguns terão de se compor. E uma coisa é certa: o PFL não vai se compor com o PT. Nesse sentido é que declarei apoio ao PPB em São Paulo. Não se pode colocar tapete vermelho para quem é adversário de hoje e de amanhã. Tem de colocar tapete que escorrega.

Folha - O sr. está dizendo que o PSDB e outras forças políticas de São Paulo erraram ao declarar apoio explícito a Marta Suplicy?
Bornhausen -
Estou apenas dizendo que o PSDB apoiou quem vai ficar contra ele mais adiante, seja na eleição para o governo paulista ou para a Presidência. E você não deve dar uma injeção de fermento em adversário.

Folha - Como estão as negociações para a escolha dos novos presidentes da Câmara e do Senado, em fevereiro do ano que vem?
Bornhausen -
Não está nada decidido. Agora é que vamos ver.

Folha - Qual o peso da decisão de Antonio Carlos Magalhães vetar publicamente o nome de Jader Barbalho para a presidir o Senado?
Bornhausen -
Ele tem influência. Mas temos de ouvir a bancada.


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