São Paulo, Quinta-feira, 30 de Dezembro de 1999 |
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GOVERNO No Clube da Aeronáutica, Bolsonaro falou em "fuzilamento" do presidente Câmara estuda punição a deputado que atacou FHC
DENISE MADUEÑO da Sucursal de Brasília O deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ) deverá ser punido por ter pregado o "fuzilamento" do presidente Fernando Henrique Cardoso. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), vai reunir a Mesa Diretora em janeiro para discutir que tipo de punição poderá ser adotado. A Folha apurou que não está descartado o pedido de cassação do mandato de Bolsonaro, maior pena prevista por falta de decoro parlamentar. Anteontem, em solenidade no Clube de Aeronáutica no Rio de Janeiro, Bolsonaro disse que "para o crime que ele (FHC) está cometendo contra o país, sua pena deveria ser o fuzilamento". "Todas essas manifestações (no Clube de Aeronáutica) são na verdade tentativas de rompimento constitucional. Falar em fuzilamento é uma irresponsabilidade", afirmou Temer. O corregedor da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE), vai analisar as declarações de Bolsonaro para decidir se abre novo processo contra o parlamentar ou se inclui novas informações no processo já existente. "Ele (Bolsonaro) está se excedendo demais nas palavras. Está abusando. Não posso assistir graciosamente um parlamentar pregar contra a vida de um semelhante", afirmou Cavalcanti. "O deputado não tem prerrogativa para pregar o assassinato do presidente. Bolsonaro pode pregar o impeachment ou a renúncia do presidente, mas não a sua morte. Isso fere o decoro da instituição Congresso", afirmou o líder do PT, José Genoino (SP). De acordo com análise de assessores da Câmara, Bolsonaro está atentando contra cláusulas pétreas da Constituição que garantem a normalidade institucional e a inviolabilidade do direito à vida. "Não existe pena de morte no país", afirmou Temer. Bolsonaro pode ser enquadrado no item que possibilita o pedido de cassação por abuso de prerrogativas asseguradas a membro do Congresso (parágrafo primeiro do artigo 55 da Constituição). Uma das principais prerrogativas do parlamentar é a inviolabilidade de opinião, de voto e de palavras. Bolsonaro, no entanto, está desagradando parlamentares com suas declarações. Ele é considerado reincidente porque já pregou o fechamento do Congresso, entre outras polêmicas. Referindo-se a FHC e a políticos do governo que pertenciam à esquerda na época do regime militar, Bolsonaro já afirmou que os militares haviam cometido erros porque apenas torturaram e não mataram algumas pessoas. A Folha tentou ouvir Bolsonaro, mas os seus dois telefones celulares, o de seu escritório e os dois residenciais do deputado no Rio não atenderam. Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Covas se diz preocupado com críticas Índice |
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