|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GOVERNO
Ministro diz que hipótese de editar MP com proibição causaria prejuízo ao financiamento do esporte
Greca recua e desiste de proibir bingos
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O ministro do Esporte e do Turismo, Rafael Greca, disse ontem
que o governo recuou da decisão
de proibir, por medida provisória, o funcionamento dos bingos
no país. Segundo Greca, essa hipótese está descartada, pelo menos temporariamente.
"O governo cogitou baixar uma
medida provisória, mas fez uma
profunda reflexão e concluiu que
haveria um prejuízo de R$ 1 bilhão em ações de lucro cessante
(movidas pelas empresas que exploram a atividade)", disse.
O ministro também afirmou
que a MP deixaria o esporte sem
fonte de financiamento. Atualmente, 7% da arrecadação dos
bingos são destinados à atividade
esportiva. Segundo Greca, a área
econômica precisa indicar outra
receita para o setor esportivo para
haver a proibição.
Uma comissão formada pelos
ministérios da Fazenda e de Esporte e Turismo e pela Receita Federal tem prazo de 60 dias para
apontar as alternativas de financiamento do esporte.
Em janeiro, o governo começará a cobrar taxa de autorização
para funcionamento dos bingos
no país. Serão recolhidos R$ 6.000
anuais dos bingos permanentes,
por ano, e R$ 4.000 dos eventuais,
por evento.
As taxas foram instituídas por
outra medida provisória, editada
em outubro. Hoje, a maioria dos
bingos funciona irregularmente.
Segundo Greca, o dinheiro será
parcialmente destinado à Receita
Federal e à Polícia Federal para
controle da atividade. "O presidente preferiu criar a taxa de autorização do bingo e moralizar a
atividade." O governo espera arrecadar R$ 50 milhões por ano.
O líder do governo no Senado,
José Roberto Arruda (PSDB-DF),
é autor de um projeto de lei que
proíbe os bingos, sem prever outra receita para o setor esportivo.
Greca evitou comentar o projeto.
Em novembro, o ministro prestou esclarecimentos ao Senado
sobre suspeitas de irregularidades
no funcionamento dos chamados
bingos eletrônicos.
Procuradores da República no
Distrito Federal propuseram ação
contra ele, acusando-o de praticar
pelo menos dois atos de improbidade administrativa: omissão e
permissão de enriquecimento ilícito de outras pessoas.
A ação foi proposta com base
em investigação sobre esquema
que supostamente viabilizou a
atuação da máfia italiana no funcionamento dos bingos eletrônicos. Após o escândalo, FHC baixou decreto vetando as máquinas.
O Indesp (Instituto Nacional de
Desenvolvimento do Desporto),
órgão ligado ao ministério de
Greca, era responsável pela autorização para funcionamento dos
bingos e pela fiscalização. Após as
denúncias, a responsabilidade pela fiscalização passou para a Caixa
Econômica Federal.
Texto Anterior: Covas se diz preocupado com críticas Próximo Texto: Oposição: Brizola chama FHC de "otário cívico" e critica Garotinho Índice
|