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São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 2003

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AGENDA PETISTA

Reunião-churrasco irá discutir Previdência e sistema tributário

Lula convoca Estados para reformas "agora ou nunca"

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou ontem os 27 governadores para uma "reunião-churrasco" em Brasília nos dias 21 e 22 de fevereiro com o objetivo de discutir as reformas tributária e previdenciária.
A Folha apurou que Lula disse o seguinte aos 17 governadores com os quais se reuniu ontem: "Se a gente não votar as reformas neste ano, talvez não vote mais. Sem vocês, elas não saem. Não temos o direito de desperdiçar a chance".
Segundo relato dos presentes, o presidente afirmou que "há um clima favorável" à aprovação dessas reformas e que "a sociedade está madura" em relação a elas.
A intenção de Lula é aproveitar seu capital político e fazer as duas reformas no primeiro ano de governo. Por isso, chamou os governadores para a primeira reunião desde que chegou ao poder.
Lula se comprometeu a enviar a todos os governadores, cerca de dez dias antes do encontro, um documento com as linhas gerais do que devem ser as duas reformas na opinião do governo.
O presidente pediu empenho dos governadores a favor das reformas e solicitou que enviassem ao ministro da Casa Civil, José Dirceu, sugestões para a elaboração das linhas gerais que serão discutidas na reunião. A idéia é realizar um encontro mais formal na sexta, dia 21 de fevereiro, e fazer algo mais informal no dia 22.
"Vou oferecer um churrasquinho para vocês", brincou o presidente, que inaugurou um estilo de informal de poder no qual a "reunião-churrasco" virou ritual.
Após o encontro, o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB-MG), disse que colaborará com o churrasco: "Trarei uma boa cachaça mineira, a Matusalém. É a cachaça da fazenda do Tancredo. Já tomamos bastante, mas ainda há umas garrafas que a gente ia beber na posse dele".
Avô de Aécio, Tancredo Neves foi eleito presidente pelo Colégio Eleitoral e morreu em 1985 antes de tomar posse.
Aécio disse que os oito governadores tucanos se reunirão em São Paulo em 10 de fevereiro para chegar com posição comum ao encontro com Lula.
De acordo com Aécio, Lula foi "bastante simpático, atencioso e firme", chamando para uma conversa em seu gabinete os 17 governadores presentes ao lançamento do programa Fome Zero.

Reforma tributária
Brincalhão, o presidente voltou a dizer que, "se a reforma tributária ficar por conta de secretários da Fazenda e de burocratas do governo federal, não sai".
No encontro, ficou evidente a maior concordância dos governadores e do presidente em relação à necessidade e ao formato da reforma previdenciária. A reforma tributária, todos disseram, será mais complicada do ponto de vista da obtenção de consenso.
Lula disse que 80% dos pontos da reforma tributária, tema bastante discutido nos dois mandatos de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, seriam consensuais. "Os problemas estão nos outros 20%. Por isso, temos de debatê-los logo", disse Aécio, durante o encontro.
O governador do Ceará, Lúcio Alcântara (PSDB), afirmou: "Se houver uma união e cada parte perder um pouquinho, realmente sai. O problema, para os Estados, é aceitar perda de arrecadação".
Lula disse que as duas reformas também serão discutidas com lideranças do Congresso e com o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.


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