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AGENDA PETISTA
Reunião-churrasco irá discutir Previdência e sistema tributário
Lula convoca Estados para
reformas "agora ou nunca"
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva convidou ontem os 27 governadores para uma "reunião-churrasco" em Brasília nos dias 21
e 22 de fevereiro com o objetivo
de discutir as reformas tributária
e previdenciária.
A Folha apurou que Lula disse o
seguinte aos 17 governadores com
os quais se reuniu ontem: "Se a
gente não votar as reformas neste
ano, talvez não vote mais. Sem vocês, elas não saem. Não temos o
direito de desperdiçar a chance".
Segundo relato dos presentes, o
presidente afirmou que "há um
clima favorável" à aprovação dessas reformas e que "a sociedade
está madura" em relação a elas.
A intenção de Lula é aproveitar
seu capital político e fazer as duas
reformas no primeiro ano de governo. Por isso, chamou os governadores para a primeira reunião
desde que chegou ao poder.
Lula se comprometeu a enviar a
todos os governadores, cerca de
dez dias antes do encontro, um
documento com as linhas gerais
do que devem ser as duas reformas na opinião do governo.
O presidente pediu empenho
dos governadores a favor das reformas e solicitou que enviassem
ao ministro da Casa Civil, José
Dirceu, sugestões para a elaboração das linhas gerais que serão
discutidas na reunião. A idéia é
realizar um encontro mais formal
na sexta, dia 21 de fevereiro, e fazer algo mais informal no dia 22.
"Vou oferecer um churrasquinho para vocês", brincou o presidente, que inaugurou um estilo de
informal de poder no qual a "reunião-churrasco" virou ritual.
Após o encontro, o governador
de Minas, Aécio Neves (PSDB-MG), disse que colaborará com o
churrasco: "Trarei uma boa cachaça mineira, a Matusalém. É a
cachaça da fazenda do Tancredo.
Já tomamos bastante, mas ainda
há umas garrafas que a gente ia
beber na posse dele".
Avô de Aécio, Tancredo Neves
foi eleito presidente pelo Colégio
Eleitoral e morreu em 1985 antes
de tomar posse.
Aécio disse que os oito governadores tucanos se reunirão em São
Paulo em 10 de fevereiro para chegar com posição comum ao encontro com Lula.
De acordo com Aécio, Lula foi
"bastante simpático, atencioso e
firme", chamando para uma conversa em seu gabinete os 17 governadores presentes ao lançamento
do programa Fome Zero.
Reforma tributária
Brincalhão, o presidente voltou
a dizer que, "se a reforma tributária ficar por conta de secretários
da Fazenda e de burocratas do governo federal, não sai".
No encontro, ficou evidente a
maior concordância dos governadores e do presidente em relação à
necessidade e ao formato da reforma previdenciária. A reforma
tributária, todos disseram, será
mais complicada do ponto de vista da obtenção de consenso.
Lula disse que 80% dos pontos
da reforma tributária, tema bastante discutido nos dois mandatos de seu antecessor, Fernando
Henrique Cardoso, seriam consensuais. "Os problemas estão
nos outros 20%. Por isso, temos
de debatê-los logo", disse Aécio,
durante o encontro.
O governador do Ceará, Lúcio
Alcântara (PSDB), afirmou: "Se
houver uma união e cada parte
perder um pouquinho, realmente
sai. O problema, para os Estados,
é aceitar perda de arrecadação".
Lula disse que as duas reformas
também serão discutidas com lideranças do Congresso e com o
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social.
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