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ESTADOS
Em um mês, governador emprega oito familiares; contratações foram publicadas no "Diário Oficial do Estado'
Zeca do PT contrata parentes no MS
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
O governador do Mato Grosso
do Sul, José Orcírio Miranda dos
Santos, o Zeca do PT, contratou
em um mês de governo oito parentes e mais dois podem ser nomeados. As contratações já foram publicadas no "Diário Oficial do Estado" e provocaram a primeira crise na aliança de esquerda que sustenta o governo petista.
O advogado Carmelino Rezende
(PPS), candidato derrotado ao Senado na aliança que elegeu Zeca,
foi o primeiro a protestar.
Sem ter conseguido a Secretaria
das Finanças, seu "único cargo
possível e desejado" no governo,
Rezende partiu para o ataque.
"O combate ao nepotismo sempre foi uma bandeira da esquerda.
Agindo como está, o governador
nos faz perder as esperanças", disse o advogado, que na próxima terça-feira participa de encontro organizado pela OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil) sul-matogrossense para iniciar um movimento contrário ao nepotismo.
A OAB pretende reapresentar
uma proposta de emenda à Constituição Estadual que proíbe a contratação em cargos de confiança de
parentes até o terceiro grau.
A emenda já foi apresentada e
derrotada na Assembléia Legislativa no final de 97. Nessa votação, o
atual governador, então deputado
estadual, foi favorável à proibição.
Nos últimos 15 dias, o "Diário
Oficial" noticiou a contratação de
pelo menos três sobrinhos e um irmão de Zeca, o procurador de Justiça Heitor Miranda, que exercerá
um cargo de confiança sem remuneração, mas com viagens e hospedagens pagas pelo governo.
Seu cargo será o de coordenador
de Ações Estratégicas e Assuntos
Internacionais e foi cedido pela
Procuradoria ao Executivo, recebendo o salário de procurador.
Os parentes estão dentro dos
264cargos em comissão da Secretaria do Governo, chefiada um sobrinho de Zeca, Vander Loubet,
que está no PT há mais de 12 anos.
Loubet, por sua vez, contratou
uma prima, Nilza Miranda Balbuena, igualmente filiada ao partido e que irá receber o penúltimo
menor salários dos cargos (R$
564, 10). Ela também é prima distante de Zeca do PT.
Todos os contratados exerciam
maior ou menor atividade dentro
do PT, seja no gabinete do então
deputado estadual Zeca do PT ou
na vitoriosa campanha dele para o
governo do Estado. Mas isso não
aplaca as críticas ao governador.
"O governador do Estado é como a mulher de César: não basta
ser honesto, tem que parecer honesto", disse Rezende.
O jornalista Eber Benjamin Santos de Arruda, por exemplo, foi
contratado como assessor executivo da Cogecom (Coordenadoria
Geral de Comunicação).
Sobrinho do governador, Arruda milita no PT desde 1981, com
breve passagem no PSTU, e atuou
na assessoria de imprensa de campanha de Zeca. Muitos militantes
do PT nem sabem do parentesco.
Gilda dos Santos, mulher de Zeca, foi nomeada para a recém-criada Coordenadoria Especial de Políticas para a Mulher. O major José
Loubet, primo do governador, assumiu a Casa Militar. Um caso que
vem sendo questionado pelos petistas ligados à tendência "radical"
do partido é o de Carla Cristiane
Santos Silva, sobrinha de Zeca.
Ela é militante do partido desde o
início dos anos 90 e trabalhou no
gabinete de Zeca quando ele era
deputado, mas formou-se em direito em 97 e já conseguiu uma vaga de assessora na Procuradoria
de Assuntos Administrativos da
PGE (Procuradoria Geral do Estado), com um salário de R$ 841,12.
O outro sobrinho contratado,
Orcírio Santos Neto, o "Pancho",
filho de um irmão pecuarista de
Zeca na cidade de Porto Murtinho, terra natal do governador,
trabalha há mais de dez anos com
o tio. Ele receberá R$ 1.265,92 por
mês na Secretaria do Governo.
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