São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CÂMARA
Vereadores citam ações de Meinberg para barrar impeachment
Base governista teme "dossiês" e demissões

Daniel Guimarães/Folha Imagem
Brasil Vita (PPB), José Eduardo Cardozo (PT) e Roberto Tripoli (PSDB) durante sessão na Câmara


CHICO DE GOIS
da Reportagem Local


O prefeito Celso Pitta (PTN) está pronto para a guerra e, nos bastidores, vem adotando uma tática de guerrilha, tentando minar o lado psicológico dos vereadores.
O bombardeio vem se dando em duas frentes: por meio do secretário do Governo, Carlos Augusto Meinberg, e também das lideranças do prefeito na Câmara.
Os argumentos variam da pressão pura e simples, com ameaça velada de que apareceriam dossiês contra vereadores que votassem pela instalação da comissão processante do impeachment, até o compromisso de a prefeitura ajudar os vereadores na campanha pela reeleição.
Meinberg tem ligado principalmente para as lideranças para se informar do clima no Legislativo. Também convida vereadores da base de apoio ao prefeito para conversar pessoalmente em seu gabinete na sede da prefeitura.
O convite é recusado por muitos, que têm medo de ser flagrados pela imprensa. Mas, mesmo sem a presença física dos vereadores em sua sala, Meinberg primeiro pede que o parlamentar analise com serenidade (leia-se "é melhor esquecer este pedido de impeachment de uma vez") o encaminhamento da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Quando o vereador argumenta que há uma pressão popular e da mídia, o discurso toma outro rumo. Um vereador da base de apoio ouviu ameaças veladas de que, se votasse pela comissão processante, dossiês apareceriam contra parlamentares.
Outro argumento utilizado é o fato de que, se Pitta for afastado, muitos vereadores serão afetados. "O Wadih Mutran (PPB), vice-líder do prefeito, me disse que se o prefeito cair, cabeças vão rolar", disse um vereador governista que pediu para não ser identificado. A conversa aconteceu no plenário nesta semana. Mutran nega que tenha pressionado os colegas.
Além dos dossiês, há também a ameaça, por parte da prefeitura, de que os vereadores perderiam os cargos que mantêm no Executivo. "Em ano de eleição, esses funcionários são fundamentais para a campanha", disse um parlamentar com bom trânsito no Palácio das Indústrias.
O prefeito Celso Pitta tem defendido a idéia de tentar obter apoio dos vereadores oferecendo ajuda na campanha. "Essa estratégia é do próprio prefeito. O Meinberg só a executa", disse outro vereador da base aliada.
Alguns vereadores não acreditam muito nesse apoio futuro. Eles lembram que alguns compromissos acabaram não sendo cumpridos por Pitta e citam as promessas de dar uma secretaria para um vereador e outra para um partido, feitas no enterro de outro pedido de impeachment de Pitta, em maio de 1999.
O secretário do Governo foi procurado pela Folha, mas sua secretária disse que ele estava em reunião e não poderia atender.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: PTB vai cobrar voto a favor
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.