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COPOM
Comitê decidiu manter juros em 19% ao ano por temer possível pressão inflacionária com variações
Pisos regionais ameaçariam estabilidade
SÍLVIA MUGNATTO
da Sucursal de Brasília
O Copom (Comitê de Política
Monetária) considerou um fator
de risco para a manutenção de
um índice baixo de inflação neste
ano a possibilidade de os Estados
poderem fixar pisos regionais para o salário mínimo, maiores ou
iguais aos R$ 151 estabelecidos pelo governo federal.
O assunto foi discutido na reunião do Copom que ocorreu na
semana passada. Ela decidiu
manter a taxa de juros básica em
19% ao ano.
A reunião do comitê aconteceu
antes da decisão do presidente
Fernando Henrique Cardoso de
fixar o mínimo em R$ 151.
O presidente também decidiu
enviar um projeto de lei complementar ao Congresso permitindo
que os governadores fixem os pisos regionais.
A preocupação com o mínimo
regional está na ata da reunião, divulgada ontem.
Nessa ata, o comitê previa que a
fixação do mínimo ficaria em R$
150.
A possibilidade de criar pisos
diferenciados em cada Estado
brasileiro é avaliada pelo Copom
como um "fator de risco" para a
estabilidade de preços.
Segundo o comitê, esse fator necessita ser "cautelosamente avaliado".
FHC resolveu permitir os mínimos regionais para retirar do governo a pressão por um aumento
maior que R$ 151, repassando-a
aos Estados.
Alguns governadores da base
aliada, porém, já aceitaram a provocação e anunciaram projetos de
lei que vão aumentar o mínimo
regional para valores acima de R$
170.
Esse foi o caso da governadora
do Maranhão, Roseana Sarney, e
do governador da Bahia, César
Borges.
Ambos fazem parte do PFL, que
havia proposto um salário mínimo de US$ 100, equivalente a cerca de R$ 177.
Mínimo e petróleo
O Copom mantém alta a taxa
de juros quando acredita que o índice de inflação poderá aumentar
no futuro.
Com a elevação, a atividade econômica é reduzida e a inflação
não tem espaço para crescer.
Na ata, o Copom atribuiu a decisão de manter a taxa de juros em
19% ao que chamou de "nível de
incerteza" do momento.
"Uma resolução adequada das
incertezas ligadas ao petróleo e ao
salário mínimo, nos dias subsequentes, daria maior embasamento a uma redução dos juros",
diz a ata.
Depois da reunião do Copom, o
BC decidiu, no início desta semana, baixar a taxa de juros de 19%
ao ano para 18,5% ao ano.
Ao anunciar a redução nos juros , o diretor de Política Monetária do BC, Luiz Fernando Figueiredo, evitou falar sobre o salário
mínimo.
O diretor disse que o Banco
Central estava aguardando apenas o resultado da reunião dos
países da Opep (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo)
para reduzir a taxa.
O aumento da produção mundial de petróleo tende a reduzir os
preços internacionais, diminuindo a necessidade de reajustes internos de preço.
A própria diretora-adjunta do
Departamento do Hemisfério
Ocidental do FMI (Fundo Monetário Internacional), Teresa Ter-Minassian, manifestou sua preocupação com o mínimo regional
esta semana.
Teresa, que não fala com jornalistas quando vem ao Brasil, disse
em Washington que o aumento
do mínimo além de R$ 151 poderia trazer aumento da informalidade da economia -o emprego
sem carteira assinada.
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