São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2004

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Procurador-geral pedirá abertura de investigação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, considerou a atitude do subprocurador-geral da República José Roberto Santoro "um fato lamentável e deplorável" e disse que tomará duas providências hoje: pedirá a abertura de investigação interna para apurar "grave falta funcional" e requisitará à TV Globo cópia da fita.
Santoro responderá a procedimento administrativo disciplinar que será aberto pelo corregedor-geral do Ministério Público Federal, Wagner Gonçalves. Fonteles apresentará o pedido por escrito, ainda hoje. Em tese, a apuração poderá resultar na perda do cargo, após virar um inquérito e finalmente um processo administrativo.
Ele classificou a conduta de Santoro como "extremamente grave" e falou em "eloqüente demonstração de grave falta funcional" e em "falta explícita de lealdade", já que é chefe hierárquico do subprocurador.
Com base nas apurações preliminares da corregedoria e na análise do conteúdo da fita, Fonteles disse que examinará se o colega praticou algum crime. Nessa hipótese, Santoro responderá a inquérito ou ação penal no STJ (Superior Tribunal de Justiça). "Para chegar ao plano criminal, que é mais amplo, vamos ter que examinar todo o contexto da gravação."
Nomeado procurador-geral pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, Fonteles negou que sua honra tenha sido atingida. "Ele [Santoro] imagina hipóteses a meu respeito. Não me sinto ofendido."
O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), considerou "muito grave" a conversa divulgada pelo Jornal Nacional porque "mostra claramente um subprocurador da República numa ação assumidamente clandestina e conspiratória contra o governo".
"Esse subprocurador estava numa ação assumidamente clandestina e conspiratória contra o governo. A pergunta que tem de ser respondida é: a serviço de quem? A mando de quem? Não é da democracia e do Estado de Direito. Isso vai ter de ser apurado até o final."
Para o líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN), as novas revelações justificam ainda mais uma CPI para apurar o caso Waldomiro, cuja fita que o detonou era pedida por Santoro na gravação divulgada ontem. (SILVANA DE FREITAS)

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