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ANÁLISE
Nova fita dá fôlego a governo
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A nova fita do caso Waldomiro Diniz não anula as denúncias factuais e objetivas contra o ex-assessor palaciano, mas dá discurso político para o governo e gás para o chefe da Casa Civil, José Dirceu. A partir de agora, o governo tem chance de sair da defensiva e partir para a ofensiva.
Na nova fita, divulgada pelo Jornal Nacional da TV Globo ontem à noite, o subprocurador da República José Roberto Santoro pressiona o bicheiro Carlos Cachoeira a lhe dar a fita em que Waldomiro é flagrado pedindo propina. E admite que poderá ser acusado de querer atingir Dirceu e até de derrubar o governo Lula.
É tudo o que o Planalto e o PT precisavam para atribuir intenção política de adversários tucanos à divulgação da fita original contra Waldomiro e a todo o inferno astral do governo. Santoro é, desde a campanha presidencial de 2002, acusado de "fazer o jogo" do então candidato tucano, José Serra.
A estratégia governista certamente será martelar nos "objetivos políticos" dos tucanos e do procurador amigo deles para tentar deixar para trás os fatos objetivos que pesam contra Waldomiro e que enfraquecem o governo e Dirceu, particularmente.
Ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Dirceu devem se juntar aliados de peso, como o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e sua filha, a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), que se dizem vítimas de procuradores ligados a Serra.
Seriam estes os algozes de Roseana, ao denunciarem o chamado "caso Lunus": a Polícia Federal apreendeu pilhas de dinheiro numa empresa da família Sarney, soterrando a pretensão presidencial de Roseana. Desde então, os Sarney esperam o momento certo para dar o troco. Pode ter chegado agora.
Serão então aliados poderosos do governo e adversários ainda mais poderosos dos tucanos e dos procuradores acusados de ligações com o governo anterior e com Serra, especificamente. Se Lula e Dirceu partem para o ataque, é provável que os tucanos entrem na berlinda.
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