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Mil famílias invadem no MS
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
Cerca de mil famílias ligadas ao
MST invadiram anteontem a fazenda Jequitibá, em Naviraí (349
km de Campo Grande), em Mato
Grosso do Sul.
Lúcio Kuhnen, 31, da coordenação estadual do MST (Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra), disse que os sem-terra temem uma operação de despejo
coordenada pela milícia nacional
criada pelos ruralistas, revelada
ontem pela Folha. Um avião sobrevoou a fazenda duas vezes anteontem e ontem.
Segundo Kuhnen, a fazenda possui cerca de 17 mil hectares e "quase nenhuma" cabeça de gado.
O coordenador do MST disse
que a invasão estava decidida antes do assassinato de dois trabalhadores rurais sem terra ocorrido
em Parauapebas (PA).
O presidente do sindicato rural,
Yoshiro Hakamada, 44, disse que
o dono da área, Joaquim Medeiros, de Presidente Prudente (SP),
vai entrar com ação de reintegração de posse para a retirada das famílias.
Medeiros estava ontem em Naviraí acompanhado de advogado.
"Só depois da ordem judicial é que
haverá despejo", disse o sindicalista.
Hakamada informou que é a primeira invasão de sem-terra no
município, que tem cerca de 350
mil cabeças de gado com tecnologia considerada moderna, com inseminação artificial e criação de
novilhos precoces.
O presidente do sindicato disse
que a fazenda invadida é grande
produtora de gado de corte.
Apenas este ano, o MST e o grupo rival MSTR (Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais) já
invadiram 15 propriedades rurais
no Mato Grosso do Sul.
O MST invadiu quatro fazendas,
envolvendo cerca de 3.600 famílias. Pelo menos 2.500 famílias foram retiradas das propriedades e
hoje vivem acampadas à beira de
rodovias federais e estaduais.
O maior acampamento é em Itaquiraí (380 km ao sul de Campo
Grande), com cerca de 1.500 famílias.
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