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MARANHÃO
Proprietários negam
Fazendas mantêm 148 peões como escravos
MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA
A Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho localizou 148
trabalhadores rurais de em situação considerada "análoga à escravidão", em três fazendas no sul do
Maranhão, na região de Açailândia (a 566 km de São Luís).
Os peões não tinham carteira de
trabalho e, em sua maior parte,
não podiam abandonar o serviço
por causa de dívidas contraídas
ao pagar por artigos que o próprio fazendeiro deveria fornecer:
comida, ferramentas e equipamentos de segurança.
As irregularidades foram confirmadas pelo ministério no final
de abril e serão relatadas -em
documento ainda não concluído- à Procuradoria da República e ao Ministério Público do Trabalho, que devem determinar se
haverá punição.
Foi a maior ação da Fiscalização
Móvel neste ano. Em 2001, já são
486 "trabalhadores libertados"
(como classifica o Ministério do
Trabalho) em diferentes Estados.
Na fazenda Zonga, no município de Bom Jardim, 69 trabalhadores estavam sem receber.
Um deles, que teria tentado fugir, relatou ter sido espancado.
Os 44 peões (um menor de idade) da fazenda São Jorge, em Buriticupu, estavam em situação semelhante, mas sem sofrer violência. Eles recebiam no máximo R$
30 mensais, após os descontos.
Na fazenda São José, também
em Buriticupu, 35 trabalhadores
não recebiam salário desde janeiro e dormiam em um curral, em
redes armadas sobre esterco.
Todos os proprietários disseram que as condições de trabalho
em suas fazendas não poderia ser
comparada a trabalho escravo.
O advogado Heleno Mota, representante do dono da fazenda
Zonga, Miguel Rezende, negou o
uso de violência contra os peões.
Sabino Costa, sócio da fazenda
São Jorge, afirmou que achava estar fazendo "uma coisa positiva".
O prefeito de Valente (BA) e dono da fazenda São José, José João
de Oliveira (PFL), afirmou que foi
vítima de uma "armação".
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