São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2001

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MARANHÃO

Proprietários negam

Fazendas mantêm 148 peões como escravos

MAURO ALBANO
DA AGÊNCIA FOLHA

A Fiscalização Móvel do Ministério do Trabalho localizou 148 trabalhadores rurais de em situação considerada "análoga à escravidão", em três fazendas no sul do Maranhão, na região de Açailândia (a 566 km de São Luís).
Os peões não tinham carteira de trabalho e, em sua maior parte, não podiam abandonar o serviço por causa de dívidas contraídas ao pagar por artigos que o próprio fazendeiro deveria fornecer: comida, ferramentas e equipamentos de segurança.
As irregularidades foram confirmadas pelo ministério no final de abril e serão relatadas -em documento ainda não concluído- à Procuradoria da República e ao Ministério Público do Trabalho, que devem determinar se haverá punição.
Foi a maior ação da Fiscalização Móvel neste ano. Em 2001, já são 486 "trabalhadores libertados" (como classifica o Ministério do Trabalho) em diferentes Estados.
Na fazenda Zonga, no município de Bom Jardim, 69 trabalhadores estavam sem receber.
Um deles, que teria tentado fugir, relatou ter sido espancado.
Os 44 peões (um menor de idade) da fazenda São Jorge, em Buriticupu, estavam em situação semelhante, mas sem sofrer violência. Eles recebiam no máximo R$ 30 mensais, após os descontos.
Na fazenda São José, também em Buriticupu, 35 trabalhadores não recebiam salário desde janeiro e dormiam em um curral, em redes armadas sobre esterco.
Todos os proprietários disseram que as condições de trabalho em suas fazendas não poderia ser comparada a trabalho escravo.
O advogado Heleno Mota, representante do dono da fazenda Zonga, Miguel Rezende, negou o uso de violência contra os peões.
Sabino Costa, sócio da fazenda São Jorge, afirmou que achava estar fazendo "uma coisa positiva".
O prefeito de Valente (BA) e dono da fazenda São José, José João de Oliveira (PFL), afirmou que foi vítima de uma "armação".


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