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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Prefeito do Rio entra na campanha de tucano e defende "ajustes"
Discurso de Serra é difícil
de entender, afirma Maia
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O prefeito do Rio, Cesar Maia
(PFL), defende "ajustes" no discurso de campanha do presidenciável José Serra (PSDB).
Em fevereiro, Maia disse: "Para
mim, Serra vai desistir na segunda quinzena de maio, porque sua
campanha não emplacou. Minha
opinião, que tenho reiterado diversas vezes ao PSDB, é que a
campanha do Serra é inviável".
Na época, Maia defendia a pré-candidatura da ex-governadora
Roseana Sarney (PFL-MA). Hoje,
o prefeito se tornou o principal articulador do apoio regional do
PFL à candidatura do tucano.
Para ele, o maior problema do
discurso de Serra é a sensação de
dubiedade que passa. "Eu ainda
não consegui entender o discurso.
Acho que "sou governo com mudança" não é uma fórmula fácil de
entender", disse. A seguir, leia os
principais trechos da entrevista:
Folha - Depois de o PFL dizer que
o PSDB e o senador José Serra torpedearam a candidatura de Roseana Sarney, como o senhor encontra
ambiente para esse retorno?
Cesar Maia - O PFL disse e continua dizendo que segmentos do
governo, provavelmente o Ministério da Justiça, teriam produzido
aqueles fatos (investigação sobre
a empresa Lunus, de Roseana e de
seu marido, Jorge Murad). Eu
nunca ouvi dentro do PFL alguém
dizer que tenha sido o presidente
[Fernando Henrique Cardoso" ou
o senador José Serra. Em uma
eleição se joga o interesse público.
Nós representamos as nossas bases sociais. A minha base social
apontava para uma candidatura
própria do PFL e hoje, não havendo essa candidatura, aponta para
a candidatura da base do governo.
Folha - O senhor vê condição de o
PFL como um todo entrar nessa
aliança que o PFL do Rio fez?
Maia - No dia 6 de junho virá a
decisão. Na última reunião [nacional" da qual eu participei não
havia essa possibilidade. Agora
essa aliança no Rio foi feita a partir do conhecimento dos governadores do PFL e do miolo da Executiva Nacional. Eles entenderam
perfeitamente que as condições
propostas para a aliança no Rio
eram do interesse do partido, regional e nacionalmente.
Folha - O senhor vai entrar de cabeça na campanha de Serra?
Maia - Não tenha nenhuma dúvida. Até entro com uma grande
capacidade de colaborar. Uma
das responsabilidades que tinha
[com Roseana" era verificar de
que maneira nos diferenciávamos
da candidatura do senador José
Serra, quais eram seus pontos
mais fracos e seus pontos fortes.
Folha - O publicitário Jacques Séguéla, que trabalhou na campanha
fracassada do ex-primeiro-ministro Lionel Jospin a presidente da
França, acha que, como Jospin, Serra sofre de falta de carisma. Como
resolver esse problema?
Maia - O Séguéla, em uma reunião que teve com minha assessoria de comunicação logo depois
das eleições francesas, disse que o
ponto mais importante da derrota de Jospin foi haver um duplo
comando com um duplo discurso. Eu diria que isso é mais problemático para a candidatura do
senador [Serra" do que qualquer
tipo de questão relacionada com
empatia. Eu não consegui ainda
entender o direcionamento do
discurso. Acho que "sou governo
com mudança" não é uma fórmula fácil de se entender. É uma fórmula que termina gerando uma
sensação de dois discursos.
Folha - O senhor então propõe
uma modificação do discurso?
Maia - Não, já mudou. Eu estive
com o senador há três semanas,
longamente. Eu dizia algumas
coisas e ele falava o que sua assessoria daquela época -já mudou a
assessoria- dizia. E já houve
uma mudança muita importante.
A idéia de que era possível uma
vitória esquecendo a candidatura
do PT hoje já não vigora mais. Como ainda não estamos em campanha, estamos em fase de esmerilhamento, acho perfeitamente
possível fazer os ajustes, buscar os
pontos fortes e potencializá-los.
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