São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Prefeito do Rio entra na campanha de tucano e defende "ajustes"

Discurso de Serra é difícil de entender, afirma Maia

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), defende "ajustes" no discurso de campanha do presidenciável José Serra (PSDB).
Em fevereiro, Maia disse: "Para mim, Serra vai desistir na segunda quinzena de maio, porque sua campanha não emplacou. Minha opinião, que tenho reiterado diversas vezes ao PSDB, é que a campanha do Serra é inviável".
Na época, Maia defendia a pré-candidatura da ex-governadora Roseana Sarney (PFL-MA). Hoje, o prefeito se tornou o principal articulador do apoio regional do PFL à candidatura do tucano.
Para ele, o maior problema do discurso de Serra é a sensação de dubiedade que passa. "Eu ainda não consegui entender o discurso. Acho que "sou governo com mudança" não é uma fórmula fácil de entender", disse. A seguir, leia os principais trechos da entrevista:
 

Folha - Depois de o PFL dizer que o PSDB e o senador José Serra torpedearam a candidatura de Roseana Sarney, como o senhor encontra ambiente para esse retorno?
Cesar Maia -
O PFL disse e continua dizendo que segmentos do governo, provavelmente o Ministério da Justiça, teriam produzido aqueles fatos (investigação sobre a empresa Lunus, de Roseana e de seu marido, Jorge Murad). Eu nunca ouvi dentro do PFL alguém dizer que tenha sido o presidente [Fernando Henrique Cardoso" ou o senador José Serra. Em uma eleição se joga o interesse público. Nós representamos as nossas bases sociais. A minha base social apontava para uma candidatura própria do PFL e hoje, não havendo essa candidatura, aponta para a candidatura da base do governo.

Folha - O senhor vê condição de o PFL como um todo entrar nessa aliança que o PFL do Rio fez?
Maia -
No dia 6 de junho virá a decisão. Na última reunião [nacional" da qual eu participei não havia essa possibilidade. Agora essa aliança no Rio foi feita a partir do conhecimento dos governadores do PFL e do miolo da Executiva Nacional. Eles entenderam perfeitamente que as condições propostas para a aliança no Rio eram do interesse do partido, regional e nacionalmente.

Folha - O senhor vai entrar de cabeça na campanha de Serra?
Maia -
Não tenha nenhuma dúvida. Até entro com uma grande capacidade de colaborar. Uma das responsabilidades que tinha [com Roseana" era verificar de que maneira nos diferenciávamos da candidatura do senador José Serra, quais eram seus pontos mais fracos e seus pontos fortes.

Folha - O publicitário Jacques Séguéla, que trabalhou na campanha fracassada do ex-primeiro-ministro Lionel Jospin a presidente da França, acha que, como Jospin, Serra sofre de falta de carisma. Como resolver esse problema?
Maia -
O Séguéla, em uma reunião que teve com minha assessoria de comunicação logo depois das eleições francesas, disse que o ponto mais importante da derrota de Jospin foi haver um duplo comando com um duplo discurso. Eu diria que isso é mais problemático para a candidatura do senador [Serra" do que qualquer tipo de questão relacionada com empatia. Eu não consegui ainda entender o direcionamento do discurso. Acho que "sou governo com mudança" não é uma fórmula fácil de se entender. É uma fórmula que termina gerando uma sensação de dois discursos.

Folha - O senhor então propõe uma modificação do discurso?
Maia -
Não, já mudou. Eu estive com o senador há três semanas, longamente. Eu dizia algumas coisas e ele falava o que sua assessoria daquela época -já mudou a assessoria- dizia. E já houve uma mudança muita importante. A idéia de que era possível uma vitória esquecendo a candidatura do PT hoje já não vigora mais. Como ainda não estamos em campanha, estamos em fase de esmerilhamento, acho perfeitamente possível fazer os ajustes, buscar os pontos fortes e potencializá-los.


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