São Paulo, domingo, 31 de maio de 1998

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A ordem é não desesperar, avaliam aliados de FHC

VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília

MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília

A ordem no comando da campanha de Fernando Henrique Cardoso é não desesperar. Apesar de o empate técnico registrado pelo Datafolha entre ele e o pré-candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, ser considerado muito preocupante, os aliados do presidente apostam que, já a partir de junho, FHC começará a se recuperar.
Para que isso aconteça, porém, eles avaliam que o governo não pode errar mais. "Já demos todos os furos", comentou um assessor do presidente. Sinais de transferência de votos de FHC para Lula são o dado que mais preocupa os políticos engajados na reeleição. Num primeiro momento, o governo ficou preocupado com o crescimento de seis pontos de Lula.
Mas uma avaliação mais tranquila indicou que, se algum adversário tem de crescer, que seja o petista. Os tucanos querem polarizar a campanha entre FHC e Lula por um simples motivo: apostam que os empresários e a classe média, apesar de descontentes com o presidente, vão acabar votando nele. Os números teriam o efeito "positivo" de assustar a elite.
Os principais interlocutores do presidente calculam que, a partir de 19 de junho, quando FHC for oficializado candidato na convenção do PSDB, ele começará a recuperar pontos nas pesquisas.
É o que o comando da campanha está chamando de "momento da virada", quando FHC terá mais liberdade para divulgar as obras de seu governo, fazer comícios e, principalmente, reagir aos ataques que vem sofrendo.
Ações na área de saúde e a contratação de flagelados da seca em frentes produtivas também deverão ajudar a recuperar votos, acredita o comando da campanha.
A variação de humores do eleitor detectada pelas pesquisas de opinião já determinou uma mudança de tom da futura campanha de FHC. O presidente gostaria de demorar o máximo possível para entrar em confronto com seus adversários. Quanto menos tempo durasse a campanha, melhor.
Agora, os aliados cobram uma reação rápida, embora não vejam risco de FHC perder a disputa. Os planos de vencer no primeiro turno ainda não foram arquivados.
Mais do que a propaganda, os aliados contam com a máquina eleitoral dos maiores partidos. FHC tem aliados em pelo menos um palanque de todos os Estados.
Amigos do presidente atribuem à frieza dos assessores palacianos, por exemplo, a decisão de FHC de chamar de "vagabundos" as pessoas que se aposentam antes dos 50 anos. A declaração é apontada como uma das causas para a queda nas pesquisas, assim como o crescimento do desemprego e os efeitos da seca no Nordeste.
Outros fatores importantes na queda de popularidade são o desemprego, que tiraria votos de FHC na classe média, e o aumento de preços de produtos da cesta básica, que influenciaria negativamente o eleitorado de baixa renda.



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