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A ordem é não desesperar, avaliam aliados de FHC
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
A ordem no comando da campanha de Fernando Henrique Cardoso é não desesperar. Apesar de o
empate técnico registrado pelo
Datafolha entre ele e o pré-candidato petista, Luiz Inácio Lula da
Silva, ser considerado muito preocupante, os aliados do presidente
apostam que, já a partir de junho,
FHC começará a se recuperar.
Para que isso aconteça, porém,
eles avaliam que o governo não
pode errar mais. "Já demos todos
os furos", comentou um assessor
do presidente. Sinais de transferência de votos de FHC para Lula
são o dado que mais preocupa os
políticos engajados na reeleição.
Num primeiro momento, o governo ficou preocupado com o crescimento de seis pontos de Lula.
Mas uma avaliação mais tranquila indicou que, se algum adversário tem de crescer, que seja o petista. Os tucanos querem polarizar
a campanha entre FHC e Lula por
um simples motivo: apostam que
os empresários e a classe média,
apesar de descontentes com o presidente, vão acabar votando nele.
Os números teriam o efeito "positivo" de assustar a elite.
Os principais interlocutores do
presidente calculam que, a partir
de 19 de junho, quando FHC for
oficializado candidato na convenção do PSDB, ele começará a recuperar pontos nas pesquisas.
É o que o comando da campanha está chamando de "momento
da virada", quando FHC terá
mais liberdade para divulgar as
obras de seu governo, fazer comícios e, principalmente, reagir aos
ataques que vem sofrendo.
Ações na área de saúde e a contratação de flagelados da seca em
frentes produtivas também deverão ajudar a recuperar votos, acredita o comando da campanha.
A variação de humores do eleitor detectada pelas pesquisas de
opinião já determinou uma mudança de tom da futura campanha
de FHC. O presidente gostaria de
demorar o máximo possível para
entrar em confronto com seus adversários. Quanto menos tempo
durasse a campanha, melhor.
Agora, os aliados cobram uma
reação rápida, embora não vejam
risco de FHC perder a disputa. Os
planos de vencer no primeiro turno ainda não foram arquivados.
Mais do que a propaganda, os
aliados contam com a máquina
eleitoral dos maiores partidos.
FHC tem aliados em pelo menos
um palanque de todos os Estados.
Amigos do presidente atribuem
à frieza dos assessores palacianos,
por exemplo, a decisão de FHC de
chamar de "vagabundos" as pessoas que se aposentam antes dos
50 anos. A declaração é apontada
como uma das causas para a queda nas pesquisas, assim como o
crescimento do desemprego e os
efeitos da seca no Nordeste.
Outros fatores importantes na
queda de popularidade são o desemprego, que tiraria votos de
FHC na classe média, e o aumento
de preços de produtos da cesta básica, que influenciaria negativamente o eleitorado de baixa renda.
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