BERNARDINO FURTADO
do enviado especial a Aparecida

O presidente Fernando Henrique Cardoso reagiu com irritação ao ser vaiado ontem em Aparecida (SP). As vaias partiram de um grupo de cerca de 100 militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e do PSTU, quando Fernando Henrique discursava no palanque em frente ao Santuário de Aparecida.
"Temos que desculpar até os desesperados, que não têm a mínima educação necessária. Mas a culpa não é deles, é de quem não deu educação a eles", disse FHC, durante discurso improvisado.
A visita de FHC a Aparecida foi para inaugurar o Centro de Apoio ao Romeiro, uma espécie de shopping, com 350 lojas, incluindo redes poderosas, como a McDonald's. A Arquidioce já gastou R$ 13 milhões no centro e pretende gastar outro tanto para duplicar o número de lojas para os romeiros.
A Folha não conseguiu ouvir FHC sobre o resultado da última pesquisa Datafolha de intenção de voto, publicada ontem, em que ele aparece com 7 pontos percentuais a menos do que na anterior, enquanto seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cresceu 6 pontos. FHC não quis dar entrevistas durante as duas horas em que ficou em Aparecida.
Depois do discurso, FHC se dirigiu ao centro de romeiros, onde ficou por cerca de 5 minutos. Nesse trajeto, os militantes do MST e do PSTU continuaram a vaiá-lo. Quando embarcou no helicóptero para voltar a São Paulo, os manifestantes gritavam o nome de Lula.
Fernando Henrique assistiu à missa celebrada pelo arcebispo de Aparecida, dom Aloísio Lorscheider, em comemoração à inauguração do Centro de Apoio ao Romeiro. Um pouco desajeitado, fez o sinal da cruz, e seguiu alguns gestos do ritual da celebração, como erguer a mão direita espalmada, que coincidentemente foi o símbolo de sua campanha à Presidência da República em 1994.
O ex-prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, candidato a governador do Estado pelo PPB, participou da missa e comentou a pesquisa Datafolha. "Eu vou votar em Fernando Henrique, porque ele é o único candidato em condições de continuar as reformas. Tenho certeza de que o povo brasileiro vai elegê-lo. As pesquisas são apenas uma fotografia do momento."



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