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REFORMA SOB PRESSÃO
Magistrados e promotores recuam mesmo sem garantias de que Planalto aceita elevar subteto nos Estados
Juízes desistem de greve contra reforma
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionados pelos presidentes
dos tribunais superiores, contrários à greve, e diante da iminência
de fracasso, os juízes estaduais e
trabalhistas e os membros do Ministério Público desistiram, ontem, da paralisação que iriam realizar de 5 a 12 de agosto contra a
reforma da Previdência.
Eles voltaram atrás sem uma garantia do governo de que aceitará
elevar o subteto salarial nos Estados, mas receberam a sinalização
de que, nos bastidores, já está
acertado com os principais partidos no Congresso que o subteto
será elevado mesmo com a posição contrária do governo.
Pela proposta do governo, os salários da Justiça estadual ficariam
limitados a 75% da remuneração
dos ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal). O Judiciário
defende que esse subteto seja de
90,25%. O acordo entre os juízes e
a base aliada atenderia a essa reivindicação do Judiciário.
Pesou no recuo um apelo incisivo feito ontem pelo presidente do
STF, ministro Maurício Corrêa,
que previu o fechamento dos canais de negociação política caso
houvesse a greve e assumiu o
compromisso de manter as conversas com líderes dos partidos
para mudar a emenda constitucional dessa reforma.
Ontem, o presidente do STF se
reuniu com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP),
e líderes da base aliada para fechar
um acordo pela elevação do subteto. Segundo a Folha apurou, na
reunião, Corrêa foi informado de
que o pedido do Judiciário seria
atendido pelo Congresso.
Corrêa recebeu cerca de 50 magistrados e promotores de Justiça
em seu gabinete. O juiz de direito
de Goiás Eduardo Walmory Sanches disse que o ministro "implorou" pelo recuo, o que teria sido
determinante para que algumas
associações desistissem da greve.
O ministro disse, por meio de
sua assessoria, que ficou satisfeito
com a decisão e que tem certeza
de que o resultado da votação na
Câmara será positivo para o Judiciário. Para ele, os deputados não
se sentirão mais pressionados.
O Conselho Geral de Representantes da AMB (Associação dos
Magistrados Brasileiros) aprovou
ontem à tarde a desistência da
greve. Houve apenas um voto
contrário, do presidente da ACM
(Associação Cearense de Magistrados), Michel Pinheiro, que
quer que o governo estenda aos
futuros magistrados as garantias
de aposentadoria integral e a paridade de reajuste entre ativos e inativos previstas para os atuais.
Pesou também na decisão a avaliação de que o movimento pela
preservação de direitos ameaçados pela reforma os coloca contra
a opinião pública. "Temos perfeita consciência da gravidade desse
movimento, que agora suspendemos. Estávamos sendo levados a
um movimento que não queríamos", disse o presidente da AMB,
Claudio Baldino Maciel.
A Conamp (Associação Nacional dos Membros do Ministério
Público) reuniu ontem à tarde,
em Brasília, 26 entidades de classe
de promotores de Justiça, procuradores do trabalho e militares e
também recuou. A greve dos juízes havia sido aprovada no último
dia 21. Inicialmente, duraria oito
dias, mas uma nova reunião no
dia 13 decidiria sobre o seu prosseguimento ou não. A Conamp
havia decidido paralisar no dia 22.
Os presidentes interinos do STJ
(Superior Tribunal de Justiça) e
do TST (Tribunal Superior do
Trabalho) elogiaram a decisão.
"Foi uma demonstração de equilíbrio, sabedoria e espírito público", disse Edson Vidigal, do STJ.
"Prevaleceu o bom senso", afirmou Vantuil Abdala, do TST.
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