|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Especialista afirma que cidades
não estão à beira da insolvência
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
Na opinião do ex-secretário das
Finanças do município de São
Paulo (1989-92) Amir Khair, os
municípios brasileiros não estão à
beira da insolvência. Mas, diz o
consultor na área fiscal e tributária, as reclamações dos municípios que querem participação
maior no bolo tributário "são
mais do que justificadas".
Em um estudo realizado por
Khair com dados sobre as arrecadações diretas (sem contar as
transferências) municipais em 53
países, o Brasil aparece na 50ª posição -na frente apenas de Albânia, Macau e Malásia. Isso significa que a maioria dos municípios
brasileiros arrecada pouco e depende muito de repasses.
"Qualquer reforma tributária
que se faça será política", disse o
especialista, que é mestre em Finanças Públicas pela Fundação
Getúlio Vargas.
Agência Folha - A pressão por aumento de repasses para os municípios se justifica?
Amir Khair - As reclamações dos
municípios são mais do que justificadas. Os municípios detêm
apenas 4,4% da receita arrecadada e cerca de 16% da receita final
[aquela que já calcula as transferências de Estados e União]. A
média internacional é de 16% e
23%, respectivamente. No Brasil,
poderíamos chegar a um número
próximo de 23% tranquilamente.
Agência Folha - Há motivos para
os municípios se declararem "à beira da insolvência"?
Khair - Não há razão para que os
municípios se digam à beira da insolvência ou incapazes de cumprir a Lei de Responsabilidade
Fiscal [LRF]. Em relação ao PIB
[Produto Interno Bruto], a receita
municipal vem crescendo. Está
em cerca de 5,7% do PIB.
Agência Folha - Não há possibilidade de moratória?
Khair -A LRF tem dois aspectos
fundamentais. Um em relação à
despesa com pessoal e outro com
relação à dívida dos municípios.
Em relação ao pessoal, quase todos os municípios estão enquadrados na lei. Com relação à dívida, os municípios arcam com só
4% da dívida pública, a União,
com 63%, e os Estados, com 33%.
Então, os municípios têm uma
folga grande em relação a isso.
Agência Folha - Os municípios dizem que assumiram serviços que
eram de Estados e União.
Khair -Os municípios municipalizam serviços por desejo deles. A
tendência sempre será a descentralização, pois o serviço municipal é mais barato, o nível de controle é melhor e a população participa mais e está mais próxima.
Texto Anterior: Crise municipal: 89 prefeituras do RS param hoje e amanhã Próximo Texto: Receita municipal caiu R$ 17 bi desde 1992, calcula economista Índice
|