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Receita municipal caiu R$ 17 bi
desde 1992, calcula economista
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Os municípios brasileiros assumem hoje um gasto de quase R$ 5
bilhões por ano arcando com responsabilidades da União e dos Estados. Por outro lado, desde 92, a
parte do bolo tributário que cabe
às prefeituras caiu R$ 17 bilhões
(de 18,5% para 14,8% da carga tributária). As contas são do geógrafo e economista François Bremaeker, 55, do Instituto Brasileiro de
Administração Municipal.
Agência Folha - É real a situação
de extrema falta de recursos nas
prefeituras ou as reclamações têm
origem nas proximidades das eleições para prefeito?
François Bremaeker - Não têm
relação com as eleições. O problema existe mesmo. Todos os anos
há variações elevadas nos repasses relativos ao FPM. No ano passado, por exemplo, em junho, a
queda foi de 42% em relação a
maio. Isso se deve às variações na
arrecadação do IPI e das restituições do Imposto de Renda. Mas,
neste ano, a situação está ainda
pior porque o ICMS dos Estados
também está registrando queda
em razão da retração de consumo. A conjuntura dos fatos está
levando a essa situação caótica de
moratórias, fechamento de portas, corte de gastos e serviços.
Agência Folha - Prefeitos alegam
que estão aumentando as responsabilidades, mas, em contrapartida, os recursos são menores. A tese
se justifica?
Bremaeker - Tranquilamente. É
inegável que a Constituição de
1988 deu mais aportes aos municípios por meio das transferências. O FPM passou de 17% para
atuais 22,5% [da arrecadação total
de IPI e IR], e também cresceram
os repasses do ICMS. O problema
é que na outra ponta, na União, os
recursos diminuíram.
Agência Folha - E os impostos urbanos, não pagam essa conta?
Bremaeker - A maioria das cidades tem base econômica rural, vai
cobrar IPTU e ISS de quem?
Agência Folha - Quanto os municípios gastam assumindo obrigações da União e dos Estados?
Bremaeker - Há um elenco de
serviços que são honrados pelas
prefeituras. De grão em grão, chega-se a uma conta de R$ 5 bilhões
por ano. Em localidades com menos de 10 mil habitantes, quase
11% da receita é gasta com responsabilidades da União e do Estado. Em cidades com mais de 1
milhão de habitantes, o gasto fica
em torno de 1,6%. Até 1992, de toda a carga tributária do país,
18,5% ficava com os municípios.
Hoje o número caiu para 14,8%.
Isso representa R$ 17 bilhões a
menos nos caixas das prefeituras.
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