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TENSÃO SOCIAL
Líder do MST recebe pena de 2 anos e 8 meses de prisão por supostamente carregar escopeta; cabe recurso
Rainha é condenado por porte de arma
Antônio Scorza - 1.jun.2003/France Presse
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José Rainha Jr., líder dos sem-terra no Pontal do Paranapanema |
CRISTIANO MACHADO
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM PRESIDENTE PRUDENTE
José Rainha Jr., 43, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, foi condenado ontem em primeira instância a dois
anos e oito meses de prisão por
porte ilegal de arma. É sua primeira condenação. Cabe recurso.
Em 25 de abril do ano passado,
durante uma blitz, em Euclides da
Cunha Paulista (SP), na região do
Pontal do Paranapanema, policiais militares encontram uma escopeta CBC 12, de uso restrito, no
carro em que viajava Rainha.
Na sentença, o juiz titular da comarca de Teodoro Sampaio (SP),
Atis de Araújo Oliveira, considerou que a arma era de Rainha e
justificou sua decisão com fato de
a arma ser de uso restrito.
Durante a leitura da sentença
condenatória, o líder do MST foi
representado por um advogado
do Estado, cujo nome não foi revelado. Na decisão, o magistrado
afirma que a equipe de defesa do
réu foi intimada, mas não "apresentou suas alegações finais".
Um dos advogados de Rainha,
Hamilton Belloto Henriques afirmou que a condenação foi "totalmente política". Ele declarou que
vai recorrer da decisão no Tribunal de Justiça de São Paulo. Disse
também que a defesa de Rainha
não descumpriu o prazo para
apresentar a sua versão: "Foi uma
maneira que o juiz encontrou para mantê-lo na prisão enquanto
aguardávamos a liminar do STJ".
O advogado refere-se à análise,
pelo Superior Tribunal de Justiça,
de um pedido de habeas corpus
para Rainha e outros quatro integrantes do MST. Rainha está preso preventivamente desde 11 de
julho na penitenciária Maurício
Guimarães Pereira, em Presidente
Venceslau (SP), sob acusação de
furto e formação de quadrilha na
invasão de uma fazenda em Teodoro Sampaio, em junho de 2000.
Os outros estão foragidos.
O caso
De acordo com policiais que
participaram da blitz, o motorista
do carro, José Luiz Silva Santos,
disse que era o dono da escopeta.
Mas, ao chegar à delegacia, declarou que pertencia a Rainha.
No despacho de ontem, o juiz
Oliveira relata justamente o contrário. Afirma que Rainha, quando abordado pelo policial, havia
admitido o porte da arma. Porém,
na delegacia, negou, dizendo que
era do motorista.
O episódio levou à prisão preventiva de Rainha, que ficou detido por 26 dias em Presidente
Venceslau. Em 17 de maio, o STJ
concedeu habeas corpus e determinou que fosse fixada uma fiança para a concessão da liberdade
provisória a Rainha, o que aconteceu no dia seguinte.
Rainha já teve outros problemas
com a Justiça. Acusado de co-autoria em dois homicídios durante
um confronto no Espírito Santo
em 1989, ele passou 14 dias preso
em 1994. Em 1997, foi julgado e
condenado a 26 anos e seis meses
de prisão. Num novo julgamento,
em 2000, a Justiça o absolveu.
Colaborou MAURO ALBANO, da Agência Folha
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